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“De Honda Pop 100, pela Transamazônica – parte 1” — por Edgard Cotait

De Garça à Amazônia: a épica aventura de duas Pop 100 pelas estradas mais desafiadoras do Brasil, entre memórias de infância, trilhas históricas e encontros inesperados na selva.

Por: Redação Fonte: Edgard Cotait
16/10/2025 às 13h40
“De Honda Pop 100, pela Transamazônica – parte 1” — por Edgard Cotait

Em uma noite quente de verão, pilotávamos nossas motos pelas trilhas estreitas de um cafezal alto e fechado. À frente, os fachos esmaecidos dos faróis de nossas motos rasgavam a escuridão, revelando um teto denso por teias entrelaçadas, construído por um incontável número de aranhas negras e de tamanho considerável. Lá do alto, estas lançavam os fios das suas teias na esperança de que o vento os levasse até os pés de café das ruas vizinhas, formando assim um emaranhado aéreo de teias, que criava uma espécie de túnel por onde passávamos debaixo... Bom! Na verdade, essa passagem aconteceu em Garça, interior de São Paulo, no ano de 1972. Nesta época, eu ainda era uma criança e seguia ao lado do meu querido irmão, infelizmente já falecido, Nassim Cotait Junior.

Rumávamos à sede da fazenda vizinha, a Fazenda Belvedere, localizada a cerca de 10 quilômetros da nossa casa. Naquele local, aconteceria um evento que apresentaria uma sessão de cinema ao ar livre, com a projeção de um desses filmes épicos, nas paredes das antigas tulhas de café. Meu Deus! Quanta ansiedade para que chegasse logo aquela noite. Mas, os minutos durante o dia pareciam ser intermináveis. Me lembro daquele filme antigo como se fosse hoje. Dizia sobre seres da mitologia grega, e que tinha um Ciclope (ser de um olho só, foto abaixo) atacando aos navios, como “ator/monstro principal”...

Eram outros tempos e creio que pelas dificuldades de transporte das fazendas até a cidade, ou talvez até pela timidez dos moradores das áreas rurais de antigamente em meio aos citadinos, era difícil os deslocamentos até a cidade. Isso se explica através do grande número de pessoas, que lotavam a plateia naquela noite agradável. Aqueles 10 quilômetros podem não parecer tanto, é verdade. Porém, para dois meninos ainda tão jovens, aquela jornada ganhou contornos de uma verdadeira aventura, uma lembrança que guardo até hoje com muito carinho no coração. Um doce e marcante sabor, que é impossível de apagar da memória. Para mim, aqueles eram tempos de descobertas, inúmeros aprendizados, especialmente no tocante ao meu aprimoramento técnico e de pilotagem segura. Aproveitávamos cada oportunidade que nossos pais nos davam para nos aventurar. Já nessa época, eu percebia em mim uma inquietação, um desejo constante de buscar novos horizontes, de poder sentir o gosto de aventura. Mais ainda se fosse em cima de uma moto. E o interessante é que até hoje tenho as mesmas sensações, mesmo em percursos menores aqui pela região. No fundo, sempre sonhei com viagens rumo ao desconhecido, e isso me motiva a um fascínio profundo e por uma vontade intensa de alcançar “o longe”...

Mas o que esse relato tem a ver com a história que eu vou relatar agora? Muito simples: na época, eu e meu irmão utilizávamos duas motos Honda de 50 cilindradas. E por várias semelhanças, elas imediatamente me lembraram a Honda Pop 100 que iria usar para cruzar algumas rodovias no norte do país, quase cinquenta anos depois.

Esta trip foi planejada e realizada com o amigo Anderson Oliveira, de Morungaba/SP, ambos.de Pop 100 Marcamos alguns pontos no mapa como objetivos a serem conquistados: a Transamazônica (BR230), em sua totalidade de terra; a lendária BR319 e a Transuruará (PA370), também conhecida como a “Estrada dos Madeireiros”. No universo dos aventureiros, essas três estradas formam uma unanimidade por estarem reconhecidas entre as piores do Brasil para longas viagens. E talvez esse seja o motivo por serem tão desejadas, desafiadoras e sonhadas. Buscando apimentar mais a nossa aventura, escolhemos ir no período das chuvas da região, cujas estradas ficam bastante danificadas e de difícil locomoção, especialmente na BR319 e PA370, e limitadas a jipeiros aparelhados e outros veículos preparados para enfrentar as péssimas condições que deveríamos enfrentar. Com pouco tempo disponível, inicialmente iríamos apenas até a cidade de Lábrea, no Amazonas, local onde termina esta rodovia, e retornando até Medicilândia. Buscando um melhor aproveitamento e não perdermos tempo com o deslocamento, pudemos, então, estender o trajeto, ao irmos de camionete até Medicilândia/PA, local onde atualmente termina o asfalto na Transamazônica, pois nosso interesse eram os trechos off-road. Nos encontramos num posto em Araraquara, onde carregamos as duas Pops. Focamos em tirar a distância até Medicilândia, revezando a direção enquanto o outro dormia, em dois dias, desde que não cometêssemos loucuras ou imprudências.

Já no Pará, passamos pelo local onde fica o monumento com o histórico tronco da primeira árvore derrubada para a construção desta importante rodovia nacional, ocasião que contou com a presença do então Presidente Emílio Garrastazu Médici e seu staff. As obras da Transamazônica, ou BR-230, começaram oficialmente em 10 de outubro de 1970, cuja cerimônia de abertura dos trabalhos ocorreu em uma clareira nas proximidades de Altamira, no Pará. A construção desta rodovia era parte importante do projeto de colonização e desenvolvimento da Amazônia. Neste local foi levantado um monumento que, hoje em dia ficou popularmente conhecido como “O Pau do Presidente”. Inoportunamente, o encontramos em situação de abandono, e tememos pelo passar do tempo, tendo seu cerne apodrecendo dia após dia, que certamente consumirá o que sobrou deste valioso pedaço da história do nosso país. Assim, recolhemos dois pequenos fragmentos que já se encontravam soltos e caídos dentro daquele tronco oco. O meu está guardado comigo, aqui em Garça. Estranhamente, os moradores de Altamira desconhecem esse monumento histórico. Durante o planejamento da viagem, tive que me desdobrar, e muito, para conseguir sua localização exata, só obtendo através das fotos de satélites, do Google Maps.







Seguimos, por fim, para Medicilândia, onde em meio a expectativas e temores, descarregamos as motos e as encilhamos com as bagagens. Conosco, carregávamos basicamente pertences pessoais, barracas e demais materiais para camping, além de algumas peças de reposição para as motocicletas. Já na saída, ainda no primeiro quarteirão, sentimos nossas motos praticamente inguiáveis. Estavam muito pesadas e ainda estranhas à nossa pilotagem. Passavam a sensação de total desequilíbrio e desgoverno, não somente devido ao peso, mas também ao seu centro de gravidade (CG) estar posicionado bem ao alto. Isso sobrecarregava por demais os nossos braços, ombros e mãos.





Passamos em uma lanchonete, onde comemos algo rápido e deixamos Medicilândia, colocando enfim as Pops para trabalhar. A adaptação às novas condições, porém, nos surpreendeu, pois aconteceu de forma rápida. Mesmo com as imperfeições do terreno ao longo da estrada, logo nem nos lembrávamos mais do problema. Nosso primeiro dia foi curto, chegando até Uruará/PA. Desta forma, tivemos um primeiro contato com as diversas condições que a estrada apresentava, mesclando terrenos com pó, lama, pedras, muitos buracos e bolsões que misturavam barro com lama, além das precariedades das pontes de madeira de uma mão só. Nos impressionou, o número de motos que circulam por aquela região do país. Assim mesmo, havia muita curiosidade com a nossa aventura de Pop 100, indo para longe.

























Instalamos dois intercomunicadores em nossos capacetes. Esses dispositivos permitem que os pilotos conversem entre si durante um deslocamento, o que os torna de grande utilidade, tanto para auxiliar na segurança da pilotagem, quanto para quebrar um pouco a rotina repetitiva do dia a dia. Assim, podemos discutir sobre novos abastecimentos, conferir trajetos, alertar perigos, alertar problemas em uma das motos, ou mesmo assinalar paisagens diferenciadas, sem a necessidade de perdermos tempo de parada. A entrada sentido à Fordlândia/PA é sinalizada apenas por uma discreta placa, e o distrito situa-se a cerca de 50 quilômetros fora do eixo principal da Transamazônica. Ao chegarmos, fomos surpreendidos pelo fato de que o distrito, pertencente ao município de Aveiro, a rotina urbana própria. Nós esperávamos encontrar apenas ruínas daquele antigo e ambicioso empreendimento agrícola. A Fordlândia foi um projeto agroindustrial idealizado por Henry Ford, o então homem mais rico do mundo, com o objetivo de tornar sua empresa autossuficiente na produção de borracha para pneus. No entanto, dois fatores principais contribuíram para o fracasso do projeto: o solo da região, pouco fértil, e os constantes conflitos com os trabalhadores brasileiros, que passaram a se rebelar contra as rígidas normas impostas pelos administradores americanos. Após estabelecermos uma boa relação com o vigia, conseguimos permissão para acampar dentro de um dos galpões originais do projeto. Como já devem ter notado, gosto muito desses detalhes simbólicos, e olhando pelo lado histórico, foi emocionante. Recolhemos alguns pedaços dos vidros originais das janelas daquele galpão que quebrados, estavam espalhados pelo chão. Os meus, também estão comigo aqui em Garça... Montamos rapidamente a nossa barraca e ali mesmo, a poucos metros da margem do Rio Tapajós, cozinhamos e jantamos. O cardápio? Uma sopa simples, tipo Maggi, mas que ficará marcada em nossas memórias. No dia seguinte, conhecemos melhor o local e as instalações da época. E, pasmem, até hoje algumas delas ainda estão em uso e continuam servindo a comunidade normalmente, através da prefeitura local.





















Após o entroncamento com a BR163, a Cuiabá/Santarém, o trânsito, especialmente o de carretas, aumentou significativamente. Imaginem duas Pops, mesmo andando o que podiam, mas ainda assim eram lentas na frente daqueles veículos pesados. Ao chegarmos à Itaituba, durante a espera da balsa do Rio Tapajós, fizemos muitos amigos que, curiosos, queriam saber mais detalhes sobre nossa aventura. Pensando bem, não tem como duas guerreiras Pop 100, cortando a BR230 em pleno período de chuvas, não fossem notadas por onde quer que passassem. É a moto continuando a unir pessoas de diferentes regiões, mas sempre com a mesma paixão pelas duas rodas.







Abastecemos nossas motos e partimos para até onde a estrada nos permitisse chegar naquele dia. Sobre a logística de abastecimento, visando não ter que retirar a bagagem a cada abastecida, eu e o amigo Marcelo Micuim, da Balarim Moto Parts, aqui de Garça, idealizamos um sistema em que acondicionava um galão de 6 litros em cada alforge (bolsa lateral), adaptamos um pino oco, e os ligamos aos dutos do carburador, onde a gasolina chegava por gravidade. Desta forma, os tanques eram abastecidos abrindo-se as tampas dos alforges, agora, sem a necessidade de remoção de toda bagagem. Com essa mudança, o tanque original da moto passou a ser o depósito reserva, de 4 litros. A moto do Anderson, injetada e com maior autonomia, continuou com os abastecimentos normais. A AMAZÔNIA, AGORA CONECTADA Um dos fatores que mais surpreendeu foi perceber que a maioria dos lugares, que nem se sonhava em ter telefonia fixa um dia, atualmente conta com serviços de internet, mesmo que de forma precária e com o Whatsapp fazendo as vezes de telefone. Uns disseram que o sinal era distribuído por fibra óptica. Outros, via satélite. Muito diferente da falta de condições de comunicação de 2007, quando da primeira vez que atravessei esta rodovia. Naquela época, tudo era incerteza, um mergulho direto e sem escalas rumo ao isolamento, para angústia e desespero de nossos familiares. A Rodovia Transamazônica pode ser dividida em três trechos distintos. O primeiro, é totalmente asfaltado, começando no quilômetro zero da estrada localizado em Cabedelo, no litoral da Paraíba, e se estende até a cidade de Medicilândia, no Pará. Nesse percurso, a rodovia atravessa o coração do sertão nordestino. Um fato curioso, considerando-se que devido ao nome, seria lógico imaginar uma estrada cercada por mata fechada e úmida em sua totalidade, quando na verdade ela nasce e corta o semiárido brasileiro. O segundo trecho vai de Medicilândia até Itaituba, no centro do Pará. Aqui, a pavimentação asfáltica dá lugar à crueza de uma estrada de terra, que passa por diversas cidades paraenses, apresentando um tráfego intenso, especialmente durante o período seco, época em que a condição de trafegabilidade da rodovia é mais praticável. É a partir de Itaituba, uma cidade de porte médio e de importância regional, que tem início o terceiro e último trecho da Transamazônica. Neste ponto, as características da rodovia mudam acentuadamente, pois o fluxo de veículos diminui bastante, e a floresta ao redor torna-se mais densa, fechada e preservada, refletindo o bioma amazônico em seu estado mais natural. Ainda assim, é preciso atenção redobrada com os famosos “D´vinteiros”, camionetes que carregam uma variada gama de carga, sejam pessoas, animais, ou cargas de produtos de todos os tipos. Esses motoristas trafegam sempre em altas velocidades, muitas vezes, colocando não somente a sua segurança, mas também a de terceiros, sob risco eminente. Um pouco mais à frente passamos por um jovem motociclista parado, assolado por problemas na sua moto. Com um bom conhecimento de mecânica, paramos e, de imediato, o Anderson se dispôs a ajudá-lo, efetuando o conserto, e também lhe cedendo algumas das peças de reposição que carregávamos conosco. Sabíamos que poderia nos fazer falta mais à frente, mas acreditamos sempre que Deus protege aqueles que tem bom coração. Seguimos a viagem.

Optamos pelo uso de pneus off-road, mais apropriados ao que estávamos enfrentando. Na prática, mostrou ser uma decisão bastante acertada, pois é de se esperar que durante seus 2.000kms de estradas em off-road, a Transamazônica conte com uma gama realmente variada de pisos e grips (aderência), expondo um piso de muitas imperfeições, perigosas valas profundas que seguem o sentido dos trilhos dos carros, além das chamadas “costelas de vaca” em sua versão amazônica, e locais com excesso de buracos, que perduraram durante toda a aventura. Todos esses fatores exigiram bastante das nossas motos. O barro da região é bastante argiloso, o que lhe torna muito liso e pegajoso. Entretanto, os para-lamas dianteiros e traseiros das nossas motos, por terem uma fixação mais alta já de fábrica, não nos ofereceram problema de embuchamento comumente causado pelo excesso de barro entre esta peça e os pneus. Desde a região da Fordlândia, a Transamazônica é em grande parte acompanhada pelo Rio Tapajós. Sabíamos que não haveria hotel naquele pedaço de estrada, e que teríamos que buscar acampar antes de adentrarmos o Parque Nacional da Amazônia. Andamos por aproximadamente 55 quilômetros até chegarmos a uma venda à beira da rodovia. Paulão, o proprietário do local, é uma pessoa muito simpática com todos que chegam por ali. Mas, pela precariedade do local, dormir em barraca ali não era indicado, pois pelas condições de limpeza e acúmulo de lixo, era bastante e provável que atraísse a presença de animais peçonhentos atrás de seus alimentos favoritos (ratos).





Resolvemos seguir e tentar permissão na base oficial da entrada do Parque Nacional da Amazônia, visto que não seria seguro percorrer aqueles 120 quilômetros de estradas internas do Parque durante a noite, devido a uma grande atividade de animais selvagens. A noite chegou em meio à floresta, mas mesmo assim, o Anderson percebeu a placa de uma pousada pendurada em uma árvore. Após alguma procura mata adentro, finalmente a encontramos, nos instalamos e jantamos uma macarronada preparada pelo proprietário do local (hmm... estava boa, heim?).







Já pela manhã, levei uma queda num lugar plano e duro (e põe duro, nisso...). Somente quando cheguei à Garça, pude constatar que isso havia me custado fraturas em 3 costelas do meu lado direito. Optei por seguir, mesmo sentindo fortes dores. Aquele tipo de barro é diferente, pois não havia nada que indicasse estar tão liso quanto estava, mesmo utilizando os valentes pneus com cravo. Tive dificuldade até para me levantar e caminhar até a moto. Na queda, também acabou quebrando o suporte da pedaleira dianteira, sendo que só consegui substitui-lo apenas em Jacareacanga, última cidade paraense da Transamazônica, perfazendo esse trecho de aproximadamente 340kms apoiando o pé esquerdo na pedaleira dianteira, e o pé direito na pedaleira traseira. Chamamos aquele tipo de barro de “traiçoeiro”, vindo a encontrá-lo novamente em várias ocasiões à frente. Em um deles, o Anderson também protagonizou uma queda, digamos, cinematográfica... Estávamos descendo uma baixada, com uma pastagem verdejante que acompanhava um vale do lado direito, e mata fechada do lado esquerdo. Ele seguia à minha frente quando, de repente, o vi girar e tudo se transformou num borrão único de cores: o vermelho da moto se misturando ao branco, o vermelho e o cinza das suas roupas. Só quando parou que consegui entender e vê-lo, ainda abraçado à moto. Felizmente, nada grave aconteceu. Graças a Deus!





AMIGO GARIMPEIRO Com a luz do dia, pudemos apreciar as belezas do local daquele Parque. Ao adentrar ao Parque Nacional da Amazônia facilmente nota-se que é um lugar maravilhoso. Acredito ser um dos lugares mais lindos pelo qual já andei. É percorrido em meio a pequenos igarapés e matas fechadas e intactas, com uma tonalidade de verde muito forte, e de encher os olhos a cada momento. Impossível não se sentir isolado nestes 120kms. Encontramos poucos veículos passando por ali. Principalmente perto dos igarapés, é quase impossível de ficar parado, tal a quantidade de carapanãs famintos pelo seu sangue. Em 2007, a moto de um amigo teve problemas nos freios dianteiros no mesmo local, nos fazendo acelerar o reparo o tanto quanto pudemos. Ao final da área do Parque cortado pela BR, chegamos ao Restaurante e Pousada Amigo Garimpeiro. Este ponto é conhecido pelos viajantes da BR230 por ser um local de refúgio. Hoje, está ainda melhor do que quando passei por lá pela primeira vez, pois atualmente conta também com uma pequena, mas importante, estrutura de apoio, pousada, mercadinho, borracharia e até mesmo combustível com bomba de gasolina (fixada dentro de um armazém) a preços similares aos praticados nas cidades próximas. Completei os tanques, e não tive nada a reclamar da qualidade daquele combustível. Na outra vez em que estive passando por lá, havia apenas o restaurante. Desta vez, ao entrarmos no restaurante do local para nos alimentar, nos deparamos com alguns indígenas, sendo que uma delas, uma indiazinha que carregava um sagui na cabeça. Porém, como reagem a maioria dos indígenas, nas tentativas de interação com os “brancos”, o seu comportamento também foi bastante arredio e cálido. Há cerca de um quilômetro mais à frente funciona um “aeroporto” de aviões de pequeno porte, que utilizam a própria rodovia como pista de pouso e decolagens. Quanto à segurança, não nos sentimos ameaçados por nada, sejam pessoas ou pela presença de animais selvagens.











































Nossa opção pela Pop 100 se deu por fatores bem apropriados. Principalmente, por buscarmos uma aventura bem “raiz” e por tratar-se de uma moto nascida de um projeto robusto, versátil em vários terrenos, leve, simplicidade de reparos mecânicos e com disponibilidade de peças mesmo nas localidades de pequeno porte da região, visto que a moto se tornou um importante meio de locomoção no Brasil inteiro. Os cuidados com as motos se resumiam, basicamente, a esticar as correntes e verificar o nível do óleo. Na Transamazônica, a média de diária em hotel que eram obviamente simples estavam entre 40/60 reais por pessoa. A alimentação, 20/25 reais. Na maioria dos postos, os combustíveis custavam cerca de R$0,40 a mais por litro do que os praticados no Sudeste. É aconselhável portar uma quantia de dinheiro em espécie, pois nem sempre se encontra maquininhas para pagamentos por cartão. Outro item pertinente e obrigatório na bagagem são os inseticidas para serem utilizados nos acampamentos, ou mesmo nos hotéis. Sem eles, as noites se tornam verdadeiros martírios. Impossível ter uma noite de sono reparador nestas condições. Atualmente na BR230, com exceção do trecho entre Jacareacanga/PA e Apuí/AM, as cidades ou seus distritos costumam ser próximas, com ofertas de hotel e alimentação simples, ou dependendo do lugar, contam também com oficinas mecânicas. Mas também, ainda há lugares bastante incertos, como numa pequena localidade em que tivemos como única opção para dormir, uma cama de casal. Nesta região do nosso “Brasilzão de meu Deus”, por vezes a necessidade atinge o status de simplicidade.




Na próxima semana, nos encontraremos aqui no GARÇA EM FOCO, se Deus quiser, para podermos falar mais sobre esta aventura. Até lá!

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Há um ditado amazônico que diz que “Essa terra não tem sede do sangue dos guerreiros, mas sim do suor dos homens”.

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