A Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Garça registrou, nesta sexta-feira (17), a primeira denúncia formal contra o psiquiatra investigado por importunação sexual em Marília. O caso do psiquiatra, que já estava na imprensa regional devido às denúncias em Marília, veio à tona em Garça após reportagem do Garça em Foco. A investigação local começou quando o portal descobriu, por meio de uma rádio, que uma moradora havia concedido entrevista relatando ser vítima do profissional, que também atuava no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de Garça. Horas após a publicação da matéria, o médico foi demitido pela Associação Hospitalar Beneficente do Brasil (AHBB).
A vítima, de 41 anos, relatou que o abuso ocorreu no final do ano passado, durante uma das consultas realizadas no CAPS de Garça. Ela decidiu procurar a polícia após reconhecer o médico em uma reportagem sobre os casos de Marília, reunindo coragem para romper o silêncio.
Segundo o boletim de ocorrência, ao retornar ao consultório para solicitar um atestado, o psiquiatra fez comentários de cunho sexual sobre sua aparência, dizendo frases como “você está bonita, está gostosa”. Em seguida, o médico teria a segurado contra a mesa, tentado beijá-la e passado a mão por baixo da saia, mexendo em seu cinto.
A vítima conseguiu se desvencilhar e correu para o carro. Em outra consulta, de acordo com seu depoimento, o psiquiatra afirmou: “eu queria colocar minha boca entre suas pernas, mas você saiu correndo”.
A partir desse episódio, o estado psicológico da paciente teria se agravado, resultando em crises emocionais, aumento da medicação e até um surto no trabalho. Apesar do medo e da dependência das receitas médicas, ela afirmou ter continuado o tratamento, mas evitando qualquer contato físico com o profissional.
Após o caso se tornar público e o médico ser afastado do CAPS, a mulher decidiu registrar a denúncia, na esperança de que outras vítimas também se manifestem.
Em contato com o Garça em Foco, a delegada Renata Ono afirmou:
“Essa denúncia será apurada em inquérito instaurado por esta DDM de Garça, em razão do local dos fatos. Demais eventuais denúncias futuras também serão investigadas aqui. Acredito que haverá colaboração entre esta delegacia e a DDM de Marília, especialmente para estabelecer o modus operandi do investigado, que é bem semelhante ao noticiado pelas vítimas. O investigado ainda não foi ouvido, mas será notificado em breve para apresentar sua versão.”
A DDM de Garça não descarta o surgimento de novas denúncias. Mulheres que tenham sido atendidas pelo psiquiatra e desejem relatar situações semelhantes podem procurar a Delegacia de Defesa da Mulher, localizada na Rua Carlos Gomes, no centro de Garça.
A identidade das vítimas é preservada, conforme garantiu a autoridade policial.
O caso segue sob investigação. O médico, que já é investigado em Marília por condutas semelhantes, poderá responder por crimes de importunação sexual e abuso de autoridade profissional.