Com forte atuação no terceiro setor e um histórico de dedicação à juventude, Bruno Pereira Corrêa é o atual presidente do Conselho Tutelar de Garça. Nascido e criado na cidade, ele é conhecido por seu envolvimento no movimento escoteiro, no Rotary Club e, especialmente, por sua liderança na Fazenda da Esperança Santa Dulce dos Pobres, onde atua como presidente. À frente do Conselho Tutelar, Bruno leva esse mesmo espírito de serviço à proteção dos direitos das crianças e adolescentes do município.
Em entrevista concedida com exclusividade a Eduardo Cabrini, do Garça em Foco, Bruno falou sobre os desafios da função, o funcionamento do Conselho, os tipos de ocorrências mais frequentes, a atuação conjunta com outros órgãos da rede de proteção e as mudanças que vêm sendo implantadas durante sua gestão. Com firmeza, sensibilidade e foco em resultados, ele revela os bastidores de um trabalho fundamental — muitas vezes silencioso, mas de enorme impacto social.
Eduardo Cabrini – Garça em Foco:
Bruno, o que motivou você a concorrer ao cargo de conselheiro tutelar em Garça?
Bruno – Presidente do Conselho Tutelar de Garça:
Foi o compromisso com a proteção integral de crianças e adolescentes. Sempre acreditei que investir na infância é transformar o futuro. Meu desejo era contribuir de forma mais efetiva na garantia dos direitos da nossa juventude.
Eduardo Cabrini – Garça em Foco:
Há quanto tempo você está na presidência do Conselho Tutelar e por quanto tempo ainda deve permanecer no cargo?
Bruno – Presidente do Conselho Tutelar de Garça:
Estou atualmente no exercício da presidência do Conselho Tutelar de Garça, função que assumi no início do meu mandato como conselheiro tutelar, sendo reeleito presidente também nesse ano corrente. O mandato de conselheiro tutelar tem duração de quatro anos, e a presidência é eleita entre os próprios membros do colegiado, podendo ser alterada ao longo do mandato. O tempo de permanência na presidência depende das decisões internas do colegiado, sendo mandatos anuais com reeleição ilimitada, respeitando sempre a autonomia e a colegialidade do Conselho.
Eduardo Cabrini – Garça em Foco:
Quem são os atuais membros que compõem o Conselho Tutelar de Garça?
Bruno – Presidente do Conselho Tutelar de Garça:
Atualmente, o Conselho Tutelar de Garça é composto por cinco conselheiros titulares, todos eleitos pela população para a gestão em curso. A composição atual reúne profissionais com formações e experiências diversas, todos comprometidos com a missão de proteger e garantir os direitos das crianças e adolescentes. Sendo os Conselheiros Tutelares, Altair Santana, Vice-Presidente/Secretário, Fátima Calixto, Neide Luiz Eduardo e Rute Faria. Uma equipe ótima, cuidadosa e eficaz.
Eduardo Cabrini – Garça em Foco:
Quais são as principais atribuições do Conselho Tutelar e de que forma a população pode acionar vocês em casos de necessidade?
Bruno – Presidente do Conselho Tutelar de Garça:
O Conselho Tutelar tem como principal função zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente conforme previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Atuamos de forma autônoma e independente em casos de negligência, abuso, violência, exploração e qualquer forma de violação de direitos. A população pode acionar o Conselho por telefone, comparecendo presencialmente à sede ou por meio de encaminhamentos de outros órgãos e instituições, inclusive em regime de plantão nos finais de semana e feriados com isso estabelecendo uma atuação 24h.
Eduardo Cabrini – Garça em Foco:
Quantos atendimentos, em média, o Conselho realiza por mês atualmente?
Bruno – Presidente do Conselho Tutelar de Garça:
Atualmente, o Conselho Tutelar de Garça realiza uma média de 80 a 120 atendimentos mensais, entre denúncias, acompanhamentos, fiscalizações, orientações e monitoramentos. Observamos um aumento significativo nos últimos anos, o que pode ser atribuído tanto ao crescimento das demandas sociais quanto à maior conscientização da população sobre o papel do Conselho e a importância de denunciar violações.
Eduardo Cabrini – Garça em Foco:
Quais tipos de denúncias ou ocorrências são mais frequentes no município?
Bruno – Presidente do Conselho Tutelar de Garça:
As ocorrências mais recorrentes envolvem negligência familiar, abandono, evasão escolar, situações de violência doméstica presenciada por crianças, além de casos relacionados ao uso de substâncias psicoativas pelos responsáveis e adolescentes. Também temos acompanhado de perto situações de abuso sexual, que exigem uma atuação integrada com outros órgãos da rede.
Eduardo Cabrini – Garça em Foco:
Como funciona a articulação do Conselho Tutelar com outros órgãos, como Judiciário, Ministério Público, Polícia e Assistência Social?
Bruno – Presidente do Conselho Tutelar de Garça:
A atuação do Conselho Tutelar é fundamentada no trabalho em rede. Mantemos articulação constante com o Ministério Público, Poder Judiciário, Delegacia de Polícia Civil, Polícia Militar, CREAS, CRAS, escolas e unidades de saúde. Essa integração é essencial para assegurar respostas rápidas e eficazes às demandas. A troca de informações e a construção de fluxos de atendimento fortalecem a proteção das crianças e adolescentes.
Eduardo Cabrini – Garça em Foco:
O Conselho Tutelar de Garça enfrenta atualmente algum tipo de dificuldade estrutural?
Bruno – Presidente do Conselho Tutelar de Garça:
Como a maioria dos Conselhos Tutelares no Brasil, enfrentamos desafios estruturais, como limitações de recursos humanos e materiais. No entanto, buscamos constantemente o diálogo com o poder público municipal para garantir melhores condições de trabalho e atendimento à população, qual sempre atende as demandas de melhorias e manutenções, temos uma ótima relação com a municipalidade, entendemos que nosso município entende perfeitamente e apoia a atuação de nosso órgão de proteção. A valorização do Conselho passa pela estrutura adequada, capacitação contínua e apoio das políticas públicas.
Eduardo Cabrini – Garça em Foco:
Qual foi a situação mais desafiadora que você enfrentou até agora à frente do Conselho?
Bruno – Presidente do Conselho Tutelar de Garça:
Já enfrentamos situações bastante complexas, como o resgate de crianças em situação extrema de risco a vida, inclusive em contextos de violência e exploração. Uma das mais desafiadoras envolveu a articulação de uma medida protetiva de urgência fora do horário de expediente, exigindo mobilização da rede e plantão judiciário, abrigamento e suporte psicológico imediato. Nessas horas, a união da rede faz toda a diferença.
Eduardo Cabrini – Garça em Foco:
Que medidas o Conselho tem adotado para lidar com as demandas mais complexas envolvendo crianças e adolescentes?
Bruno – Presidente do Conselho Tutelar de Garça:
Temos buscado intensificar os encaminhamentos técnicos, fortalecer os vínculos com os serviços especializados, como o CREAS e os CAPS, e também atuar de forma preventiva junto às escolas e às famílias. Além disso, promovemos reuniões periódicas com os demais órgãos da rede para discutir casos complexos e traçar planos de ação intersetoriais, respeitando sempre o princípio do melhor interesse da criança e do adolescente.
Eduardo Cabrini – Garça em Foco:
Que legado você acredita deixar ao final da sua gestão no Conselho?
Bruno – Presidente do Conselho Tutelar de Garça:
Acredito que nosso maior legado será a valorização do trabalho técnico, ético e comprometido do Conselho Tutelar. Buscamos fortalecer a imagem da instituição, aproximá-la da comunidade, promover o diálogo com os demais órgãos da rede e construir um Conselho mais estruturado e preparado para enfrentar os desafios do cotidiano. Também deixaremos encaminhamentos administrativos importantes, como melhorias na sede, organização documental, capacitações internas modernização e total adesão tecnológica para otimização dos casos.
Eduardo Cabrini – Garça em Foco:
E pessoalmente, qual foi o maior aprendizado que essa função trouxe para a sua vida?
Bruno – Presidente do Conselho Tutelar de Garça:
Ser conselheiro tutelar é uma missão que transforma. Levo comigo o aprendizado de escutar com empatia, agir com firmeza e sempre buscar o equilíbrio entre o cuidado e o direito. Conhecer tantas histórias, realidades e desafios me tornou uma pessoa mais humana, sensível e engajada com a justiça social. Essa vivência reafirma, todos os dias, que vale a pena lutar por um futuro melhor para nossas crianças e adolescentes.