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“Advento: tempo de alegria” — por Pe. Anderson Messina Perini

Reflexão do 3º Domingo do Advento destaca a alegria cristã, a esperança na vinda de Cristo e a missão dos fiéis em promover sinais de libertação no mundo.

Por: Redação Fonte: Garça em Foco
12/12/2025 às 12h42
“Advento: tempo de alegria” — por Pe. Anderson Messina Perini

A Liturgia da Palavra deste 3º Domingo do Advento, Domingo da Alegria, nos convida a refletir sobre a alegre esperança da segunda vinda de Cristo. Atualmente, o mundo vive carente de alegria. Na exortação apostólica “A Alegria do Evangelho”, o saudoso Papa Francisco nos recordava que “a alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Os que se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria”. As Leituras bíblicas são um convite muito forte para a Alegria, porque o Senhor, que esperamos, já está conosco e com ele preparamos o Advento do seu Reino. 
A Primeira Leitura (Is 35,1-6a.10), o profeta Isaías anuncia um Hino à Alegria. O profeta deseja despertar e fortalecer a esperança dos exilados. O povo atravessava um dos piores períodos de sua história: Jerusalém e o Templo destruídos, o povo deportado na Babilônia. Mesmo assim, o profeta prevê a alegria dos tempos messiânicos: fala do deserto que vai florir, da tristeza que vai dar lugar à alegria. O Messias que há de vir libertará os cegos, os coxos, os mudos de suas doenças. São sinais que indicam a chegada de um mundo novo, onde não haverá mais lugar para a doença, a dor e o pranto.
Na Segunda Leitura (Tg 5,7-10), Tiago convida à espera da Parusia voltados com os olhos ao Salvador que virá como Juiz. Os sentimentos e virtudes que o apostolo aponta para vinda do Reino devem ser os mesmos que nos prepara para celebrar o Natal. 
Primeiro, a paciência, que não é resignação. O Senhor virá para julgar e dar a cada um segundo suas obras. Ter paciência é saber esperar. O exemplo vem da roça, onde o agricultor aguarda as chuvas do outono e da primavera. Nos momentos mais difíceis é necessário confiar no Senhor que fará a justiça. A seguir, destaca a virtude da perseverança, fortalecer o coração é perseverar no caminho do Evangelho dando prioridade aos valores do Reino. E, por fim, a união, não se queixando uns dos outros, pois o Juiz está às portas. Quem julga é Deus. A união é necessária quando existem conflitos. Seguindo o exemplo dos profetas, que não se dobraram e nem se deixaram vencer pela corrupção, injustiça e vaidades. 
No Evangelho (Mt 11,2-11), Jesus mostra que o mundo novo anunciado pelo Profeta já chegou. O texto possui três partes. A primeira, a pergunta de João Batista. Ele estava preso por Herodes, pois reprovava o seu comportamento. No cárcere, ouve falar das obras de Cristo, tão diferente do que se esperava. Ele anunciara um juiz severo que castigaria os pecadores. Mas ao invés disso, defronta-se com alguém que se aproxima deles. Perplexo, envia a Jesus dois discípulos com uma pergunta bem concreta: “És tu, aquele que há de vir, ou devemos esperar um outro?” (v.3).
A seguir, a resposta de Jesus, apontando seis sinais concretos de libertação, já anunciados por Isaías há muito tempo: “Ide contar a João o que estais ouvindo e vendo: os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados” (v.4-5). E acrescenta: “Feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim!” (v.6). Jesus mostra a João que as suas obras comprovam a era messiânica, mas sob a forma de atos de salvação, não de violência e castigo.
Por fim, o testemunho de Jesus sobre João. Ele não é um caniço que verga conforme o vento, nem um pregador oportunista que se adapta conforme a situação. Não é um corrupto que vive na fortuna e no luxo. É muito mais que um profeta: “de todos os homens que já nasceram, nenhum é maior do que João Batista” (v.11). Mas, com surpresa, acrescenta: “No entanto, o menor no Reino dos Céus é maior do que ele”. Os que já pertencem ao Reino transcendem àqueles que o precederam e prepararam. Declaração implícita da superioridade do Novo sobre o Antigo Testamento; da Igreja sobre a Sinagoga; da Lei de Cristo sobre a Lei de Moisés.
A Ação libertadora de Deus deve continuar na História através de gestos concretos dos seguidores de Cristo. A resposta de Jesus a João Batista foi clara: “Ide contar a João o que estais ouvindo e vendo”. Pelos sinais, que podiam ver e ouvir, Jesus comprovava a presença salvadora e libertadora de Deus no meio da humanidade. Para perpetuar no mundo a ação salvadora e libertadora de Deus, os sinais, que Jesus realizava então, devem continuar acontecendo agora, através dos seus seguidores. 
Devemos nos perguntar: em nossa vida e nossas comunidades há gestos de salvação e libertação que são sinais que o Reino de Deus já chegou? Os “surdos”, fechados num mundo sem comunicação e sem diálogo, encontram em nós a Palavra viva de Deus que os desperta para a comunhão e para o amor? Os “cegos”, encerrados nas trevas do egoísmo ou da violência, encontram em nós o desafio que Deus lhes apresenta de abrir os olhos à luz? Os “coxos”, privados de movimento e de liberdade, escondidos atrás das grades em que a sociedade os encerra, encontram em nós a Boa Nova da liberdade? Os “pobres”, sem voz nem dignidade, sentem em nós o amor de Deus? O que significa hoje recuperar a vista aos cegos, a capacidade de andar aos coxos, a audição aos surdos, a ressurreição aos mortos?
O Papa Francisco insistia bastante que é preciso curar as feridas: “Vejo com clareza que o que a Igreja necessita, hoje, é uma capacidade de curar feridas e oferecer calor, intimidade e proximidade aos corações. Esta é a primeira coisa: curar as feridas”. As feridas doem e podem levar a morte, por isso a necessidade de saná-las.   
A Liturgia de hoje é um convite forte à alegria: “Alegrai-vos sempre no Senhor! Repito, alegrai-vos! O Senhor está próximo” (Antífona de Entrada). A Boa Nova trazida no Natal é mensagem de alegria: Gabriel na anunciação; Isabel na visitação; Maria no Magnificat; os Anjos aos pastores. A alegria é uma característica de nossas Comunidades? Sejamos semeadores da alegria de Jesus Cristo, esperança de um mundo novo.


Pe. Anderson Messina Perini
Administrador Paroquial da Paróquia Jesus Bom Pastor de Santo André

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