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“O Fim dos Tempos” — por Pe. Anderson Messina Perini

A Palavra nos convida à esperança e à firmeza diante das tribulações, recordando que o fim dos tempos é também o início da vitória de Deus.

Por: Redação Fonte: Garça em Foco
12/11/2025 às 16h02
“O Fim dos Tempos” — por Pe. Anderson Messina Perini

A Liturgia da Palavra deste 33º Domingo Comum, nos convida a refletir sobre o Fim dos Tempos. Estamos no penúltimo domingo do Ano litúrgico. As Leituras bíblicas são um prelúdio desse encerramento. A meta final, para onde Deus nos conduz, faz nascer em nós a esperança e a coragem para enfrentar as adversidades e lutar pelo Advento do Reino.
Na Primeira leitura (Mal 4,1-2), Malaquias descreve o “Dia do Senhor”. O Povo de Israel tinha voltado do exílio com muitas promessas de um futuro maravilhoso, um reino de paz, de bem-estar e de justiça. Mas, o que ele vê é o contrário. Por isso, começa a manifestar a desilusão. O profeta, numa linguagem simbólica, dirige palavras de conforto e esperança. Deus não abandona o seu povo. Vai intervir na história, destruindo o mal e fazendo triunfar o Bem, a Justiça e a Verdade.
O texto não pretende incutir medo, falando do “fim do mundo”, mas fortalecer a Esperança no Deus Libertador. Ele fala da vitória dos justos no “Dia do Senhor”. Os injustos e soberbos serão queimados como palha, enquanto os justos, os tementes a Deus, serão salvos pelo “Sol da Justiça” que nascerá.
Numa leitura cristã, este texto é a prefiguração sobre a pessoa de Jesus Cristo e tem duas perspectivas: 1) Na sua primeira vinda, Jesus concretizou a esperança da vinda do Messias. Ele é o Sol da Justiça que brilhou no mundo, trazendo a salvação para quem o recebeu e o recebe. 2) Na sua segunda vinda, Jesus virá glorioso como o Messias Juiz para o Dia do Senhor, onde julgará os corações de acordo com suas atitudes.
A Segunda Leitura (2Ts 3,7-12), Paulo fala da comunidade de Tessalônica, perturbada por fanáticos que pregavam estar próximo o fim do mundo. Por isso, não valia mais a pena continuar trabalhando. O Apóstolo apresenta o exemplo de trabalho de sua vida e acrescenta: “Quem não quer trabalhar, também não deve comer” (v.10). O Trabalho é o melhor jeito de se preparar para a vinda do Senhor.
No Evangelho (Lc 21,5-19), temos o Discurso Escatológico, em que aparecem três momentos da História da Salvação: a destruição de Jerusalém, o tempo da Missão da Igreja e a Vinda do Filho do Homem. 
Lucas escreveu o evangelho uns cinquenta anos depois da morte de Cristo. Durante esse tempo, aconteceram fatos terríveis: guerras, revoluções, a destruição do Templo de Jerusalém, a perseguição dos cristãos por parte dos judeus e dos romanos. Para muitos eram sinais do fim do mundo. O Evangelista, com palavras do próprio Mestre, indica duas atitudes: não se deixar enganar por falsos profetas e não perder a esperança, pois Deus está conosco.
O Evangelho inicia com os Discípulos mostrando a Jesus com orgulho a grandiosidade do Templo de Jerusalém. Jesus não se entusiasma com essa estrutura, para ele já superada, e anuncia o fim desse modelo de sociedade e o surgimento de outra: “Dias virão em que não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído” (v.6). Diante disso, curiosos, querem saber mais informações: “Mestre, quando acontecerá isto? E qual vai ser o sinal?” (v.7). Jesus responde numa linguagem apocalíptica, misturando referências à queda de Jerusalém e ao fim do mundo: “Haverá grandes terremotos, fomes e pestes em muitos lugares acontecerão coisas pavorosas e grandes sinais serão vistos no céu” (v.11). O Senhor alerta sobre os falsos profetas: Não se deixar enganar:
“Cuidado para não serdes enganados, porque muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Sou eu!’ e ainda: 'O tempo está próximo.' Não sigais essa gente!” (v.8). Ainda hoje muitas pessoas falam em nome de Jesus, dando respostas fantasiosas produzidas por motivações pessoais. Não é prudente acreditar em tudo o que se diz em nome de Jesus.  
Jesus exorta à esperança: Não ter medo. Esses sinais de desagregação do mundo velho não devem assustar, pelo contrário são anúncio de alegria e esperança, de que um mundo novo está para surgir. “Quando estas coisas começarem a acontecer, levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima” (Lc 21,28). Jerusalém deixa de ser o lugar exclusivo e definitivo da salvação. Começa o tempo da Igreja, em que a Comunidade dos discípulos testemunhará a Salvação a todos os povos da terra.
As catástrofes continuam ainda hoje: guerras, revoluções, terrorismo infernizam por toda parte. Muita gente morre de fome, a Pandemia, novo nome da peste, a mudança climática é ameaçadora: ciclones, terremotos e maremotos se multiplicam. Parece mesmo o fim de tudo. Os discípulos não devem temer: haverá dificuldades, mas eles terão sempre a ajuda e a força de Deus. No Discurso escatológico, Jesus define a missão da Igreja na História: dar testemunho da Boa nova e construir o Reino.
Qual é a nossa atitude diante do mundo catastrófico em vivemos? Não desperdiçamos o nosso tempo, ouvindo histórias de visionários, acreditando mais em revelações privadas, teorias da conspiração, do que na Palavra do Evangelho? Temos a certeza de que não obstante todas as contrariedades, o mundo novo, o Reino de Deus, um dia certamente triunfará? Diante de tantas dificuldades, deixamo-nos levar pelo desânimo ou acreditamos de fato na vitória final do Reino de Cristo? Cristo nos garante: “É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!” (v.19). E coragem, “levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima” (Lc 21,28).

 Pe. Anderson Messina Perini
Administrador Paroquial da Paróquia Jesus Bom Pastor de Santo André

 

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