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“O seguimento de Jesus Cristo” — por Pe. Anderson Messina Perini

Padre Anderson reflete sobre o Mês da Bíblia e o verdadeiro sentido do seguimento de Cristo.

Por: Redação Fonte: Garça em Foco
04/09/2025 às 13h50
“O seguimento de Jesus Cristo” — por Pe. Anderson Messina Perini

Iniciamos o mês de Setembro, que para a Igreja Católica no Brasil é o Mês da Bíblia. Ela é sempre uma luz em nossa caminhada cristã. Este ano a Igreja no Brasil sugere o estudo da Carta de São Paulo aos Romanos que inspirou o lema do ano Jubilar: “A Esperança não decepciona” (Rm 5,5).
A Liturgia da Palavra deste 23º Domingo Comum nos fala do Seguimento de Jesus e suas exigências. Não é um caminho de facilidade, mas sim de renúncias
A Primeira Leitura (Sb 9,13-19), do livro da Sabedoria, é uma oração atribuída a Salomão, que os judeus de Alexandria rezavam a fim de que iluminasse as exigências da fé em meio ao mundo pagão em que se encontravam. Lembra que só em Deus é possível encontrar a verdadeira felicidade e o sentido da vida. Mas como podemos compreender o caminho do Senhor que nos concede a felicidade? Apenas com sua graça, com seus auxílios, com sua sabedoria.
Na Segunda Leitura (Fm 9b-10.12.17), Paulo aplica as consequências do seguimento de Jesus: ele está preso por causa de Cristo. Mesmo na prisão, o Apóstolo coloca-se a serviço dos irmãos e intercede em favor de um escravo fugitivo, Onésimo, junto a seu “dono” Filêmon, para que o receba não mais como um escravo, mas como irmão e lhe conceda a liberdade. Pois em Cristo, todos somos irmãos. 
O Evangelho (Lc 14,25-33) aponta o “Caminho do Discípulo”. Jesus estava a caminho de Jerusalém, onde iria ser morto numa Cruz. Lembremos que o caminho do bem e da plenitude foi nos revelada em Jesus, Ele é a Sabedoria Eterna do Pai, que veio aos homens, com sua palavra e exemplo, a mostrar o caminho da salvação e dando seu Espírito.
Entretanto, o Povo o seguia numeroso, entusiasmado pela sua pessoa. Mas Cristo não era um demagogo, que fazia promessas fáceis, para atrair multidões a qualquer preço. Ele sabia que entre eles havia: os Bons, desejosos da boa palavra, que buscavam sinceramente o Messias; os Curiosos, em satisfazer o desejo de novidade; os Interesseiros, na esperança de participar da glória e da fama; e os seus Inimigos, à espreita de uma ocasião para acusá-lo e condená-lo.
Sem medo de perder alguns simpatizantes, Jesus aponta três condições para segui-lo. Primeiro, o desapego afetivo, aos familiares e até a própria vida: Quem “não se desapega de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu discípulo” (v.26). Desapegar aqui não significa rejeitar os sagrados laços familiares, mas priorizar os valores do Reino. Depois, a disponibilidade em carregar a cruz: “Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo” (v.27). A Cruz é a imagem que melhor sintetiza toda a vida de Cristo. O Discípulo é convidado a imitar o Mestre. E, por fim, a renúncia aos bens materiais:  Quem “não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo!” (v.33). Vivendo em função deles, não sobra espaço para Deus, nem relações de partilha e solidariedade com os irmãos.
Seguir o Mestre, não deve ser uma atitude passageira, nascida num momento de entusiasmo, mas sim, uma decisão ponderada, amadurecida e coerente até o fim. Para ilustrar seu pensamento ele nos conta duas pequenas parábolas: A Torre a construir e a Guerra a conduzir, que ilustram a necessidade de planejar, empenhando-se cada dia na vivência cristã. O Povo não podia se deixar levar pelo entusiasmo momentâneo, pelo contrário, devia calcular bem, se está em condições de perseverar.
Assim, o seguimento de cristo é um caminho fácil, onde cabe tudo?  Ou um caminho exigente, onde só cabem os que aceitam a radicalidade de Jesus? A nossa Pastoral deve facilitar tudo, ou ir pelo caminho da exigência? A grande maioria no nosso povo se diz “cristão”, seguidor de Cristo. Recebeu os Sacramentos de Iniciação. Reconhece os valores de Deus e da Fé, mas a vivência cristã é insuficiente.
Muitas vezes, ficamos felizes, quando vemos a igreja lotada. Mas qual é o verdadeiro motivo que leva muitas pessoas à igreja? Todos os que participam com entusiasmo das cerimônias solenes, das procissões, das romarias, estão realmente conscientes dos compromissos que a fé cristã envolve? O que Jesus nos diria a respeito do Evangelho de hoje? Será que Cristo está mais interessado no número, ou na qualidade? 
Há dois tipos de Religião. Primeiro, as Reveladas, como a nossa, em que a Bíblia é a fonte de inspiração. É Deus que se revela e nós aceitamos o que essa revelação nos propõe. E as outras são as Criadas, que foram inventadas por pessoas, segundo o modelo que mais satisfaz seu modo de pensar e de agir. Qual nos dá mais segurança de realizar o Plano de Deus? Uma religião mais fácil pode até ser mais atraente, mas certamente não será a mais fiel à proposta de Cristo. Estamos nós dispostos a ser verdadeiros Discípulos de Cristo, pelo caminho duro e exigente, que o evangelho de hoje nos propõe?
Peçamos a Deus muita Luz para compreender essa verdade e muita Força para sermos fiéis à escolha feita. Procuremos nesse mês dedicado à Bíblia, valorizar ainda mais a Palavra de Deus, dedicando-lhe um tempo especial dentro do nosso dia, para uma atenciosa Leitura Orante da Bíblia.

 Pe. Anderson Messina Perini
Administrador Paroquial da Paróquia Jesus Bom Pastor de Santo André

 

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