
A Liturgia da Palavra deste 22º Domingo Comum nos adverte sobre o perigo do orgulho e da vaidade. Na sociedade é muito comum a corrida em busca dos Primeiros Lugares. Isso cria muitas vezes um clima de concorrência e competição, de ódio e conflitos. O que vocês pensam a respeito disso?
As leituras bíblicas nos propõem um caminho diferente: o caminho da Humildade e da Gratuidade.
A Primeira Leitura (Eclo 3,19-21.30-31), Bem Sirac fala da virtude da Humildade, para ser agradável a Deus e aos homens, para ter êxito e ser feliz. São reflexões de um sábio do Antigo Testamento. O texto propõe o caminho da humildade como forma de “encontrar graça diante do Senhor” (v.20). Humildade é fazer-se pequeno, é reconhecer a grandeza de Deus e confiar nele. E acrescenta: “Para o mal do orgulhoso não existe remédio, pois uma planta de pecado está enraizada nele, e ele não compreende” (v30).
A Segunda Leitura (Hb 12,18-19.22-24a), o autor da carta aos hebreus afirma que a vida cristã exige de nós determinados valores e atitudes, entre os quais a humildade, a simplicidade e o amor. Como ele nos afirma: somos um povo peregrino em direção “a cidade do Deus vivo, a Jerusalém celeste” (v.22) onde só os justos, ou seja, os humildes, os caridosos, estão inscritos para habitar. Devemos estar convictos que os valores desta vida só são autênticos se ordenam para eternidade.
O Evangelho (Lc 14,1.7-14) mostra que Jesus veio criar uma nova humanidade, fundamentada no espírito da humildade. O Senhor é convidado a um banquete na casa de um fariseu e aceita o convite. Mas, fica profundamente impressionado com duas coisas que observa: a corrida pelos primeiros lugares e o tipo de pessoas que foram convidadas. E conta duas pequenas Parábolas.
A primeira é para os convidados que escolhiam os primeiros lugares. Aquele que ocupou o primeiro lugar teve de cedê-lo a um mais importante. Aquele que ocupou o último lugar foi convidado para um lugar melhor. E Jesus conclui: “Porque quem se eleva, será humilhado e quem se humilha, será elevado” (v.11).
A segunda parábola é direcionada a quem convidara: “Quando tu deres um almoço ou um jantar, não convides teus amigos”, que “poderiam também convidar-te [...] Pelo contrário, [...] convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos. [...] Tu receberás a recompensa na ressurreição dos justos” (v.12-14)
Concluímos que Jesus propõe duas atitudes. Na escolha dos lugares: a Humildade. Na escolha dos convidados: a Gratuidade, pois é o Amor sem interesses.
O que Jesus observaria hoje? Na Sociedade, há ainda hoje pessoas correndo atrás dos primeiros lugares? Escolhendo o trabalho que lhes dê mais lucro; procurando lugares que deem destaque, status e importância; preferindo ocupações onde possam ter poder sobre os demais; ou ficando decepcionadas, quando ninguém lhes dá o “devido lugar”?
Na Igreja, também existe a corrida pelos primeiros lugares? A Igreja deve ser a comunidade onde se cultivam a humildade, a simplicidade, o amor gratuito e desinteressado. Mas de fato, é assim? Ou assistimos às vezes uma corrida desenfreada pelos primeiros lugares: pessoas cuja ambição se sobrepõe à vontade de servir. Buscam títulos, honras, homenagens, lugares privilegiados, e não o serviço humilde e o amor desinteressado.
Na catequese, que Lucas nos propõe hoje, fica claro que as relações entre os membros da comunidade de Jesus não se baseiam em “critérios comerciais”, mas sim no amor gratuito e desinteressado. Só assim todos, inclusive os que não têm poder, nem dinheiro para retribuir, terão aí lugar, numa verdadeira comunidade de amor e de fraternidade.
Como é bonito numa Comunidade, onde há humildade, solidariedade, sintonia entre as diversas Lideranças, Pastorais e Movimentos. Não gastaríamos então tantas energias em pequenas implicâncias e disfarçado espírito de competição.
Na Política, existe também a corrida pelos primeiros lugares? E essa corrida é um desejo sincero de serviço pelo bem do povo ou uma busca de vantagens para pessoas ou grupos? Para garantir os primeiros lugares, podemos fazer uso de qualquer meio?
E depois, quem são os nossos convidados? Na Sociedade de hoje, costuma-se convidar quem garanta lucro, recompensa, poder, fama, posição social e elogios. Jesus nos convida a uma atitude de Gratuidade. Quando prestamos um favor a gente simples, sempre é oportunidade de ouvir uma bela expressão: “Deus lhe pague!” Sim, o próprio Deus se torna o nosso grande fiador.
No último domingo de agosto rezamos pela vocação de nossos catequistas. Sua vocação foi gestada no coração do Pai, para que pudesse chegar aos corações dos seus filhos e filhas com a mensagem da vida: Jesus Cristo. Catequista, você é protagonista no processo de um novo jeito de fazer catequese. A todos os catequistas, o nosso reconhecimento e gratidão pelo belo e importante serviço que prestam à Igreja. São pessoas que aceitam o apelo de Jesus no evangelho de hoje. Não ocupar os primeiros lugares e, sim, servir os irmãos com simplicidade, humildade e gratuidade. “Que Deus lhes pague”.
Pe. Anderson Messina Perini
Administrador Paroquial da Paróquia Jesus Bom Pastor de Santo André