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“Assunção de Nossa Senhora” — por Pe. Anderson Messina Perini

Assunção de Maria: fé, esperança e promessa de glória

Por: Redação Fonte: Garça em Foco
14/08/2025 às 08h42
“Assunção de Nossa Senhora” — por Pe. Anderson Messina Perini
No dia 15 de agosto celebramos a Assunção de Nossa Senhora, mas no Brasil, por não ser feriado nacional, esta festa é transferida para o terceiro domingo de agosto. Em algumas regiões do Brasil, por ser feriado municipal, a festa ainda é conservada na data original. Esta festa comemora a Páscoa de Maria. Como Jesus, em sua Páscoa, realizou sua passagem deste mundo para a glória do Pai por meio de sua paixão e morte, assim se cumprirá para toda humanidade. Em Maria cabe um privilégio, pois foi redimida por antecipação dos méritos de seu Filho desde sua Imaculada Conceição, e depois foi associada ao mistério da sua paixão e ressurreição. A Assunção de Maria é, de fato, o mistério Pascal plenamente realizado nela. Esta festa é a mais antiga comemoração mariana do calendário litúrgico, celebrada no Oriente como Dormição da Virgem e no Ocidente como Assunção de Maria.
Lembramos que Maria, quando “adormeceu” no Senhor, foi elevada ao céu em corpo e alma. Seu corpo não sofreu a corrupção, consequência do pecado original, que ela não teve. Embora seja uma verdade aceita pela Igreja desde o início, ela foi oficialmente declarada como Verdade de fé, apenas no dia primeiro de novembro de 1950, pelo papa Pio XII.
É um dos quatro dogmas marianos: Maria, Mãe de Deus; Perpétua Virgindade de Maria, a Imaculada Conceição e a Assunção de Maria. O Papa Pio XII, sob a inspiração do Espírito Santo, depois de consultar todos os bispos da Igreja Católica e escutar o sentimento dos fiéis, definiu solenemente, com sua suprema autoridade apostólica, o dogma da Assunção de Maria, na Constituição Munificentissimus Deus: “Depois elevar a Deus muitas e repetidas orações e invocar a luz do Espírito da Verdade, para a glória de Deus Todo-Poderoso, que deu à Virgem Maria a sua peculiar benevolência; para honra de seu Filho, Rei imortal dos séculos e vencedor do pecado e da morte; para aumentar a glória da mesma augusta mãe e para a alegria e felicidade de toda a Igreja, com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos Santos apóstolos Pedro e Paulo e nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que a Imaculada Mãe de Deus e sempre Virgem Maria, terminado o percurso de sua vida terrestre, foi elevada em corpo e alma à glória do céu”.
Qual é o fundamento para este dogma? O Papa apresentou várias razões fundamentais para a definição do dogma. Primeiro, a imunidade de Maria de todo o pecado, pois ela é Imaculada na sua concepção. A decomposição do corpo é consequência do pecado, e como Maria, foi isenta de todo o pecado, então ela estava livre da lei universal da corrupção, podendo então entrar mediatamente, corpo e alma, na glória do céu. Depois, a sua Maternidade Divina: como o corpo de Cristo se tinha formado do corpo de Maria, era conveniente que o corpo de Maria participasse da sorte do corpo de Cristo. Ela concebeu Jesus, deu à luz, o alimentou e o estreitou em seu peito. Não podemos imaginar que Jesus iria permitir que o corpo, que lhe deu vida, chegasse à corrupção. Terceiro, sua Virgindade Perpétua: como seu corpo foi preservado na integridade virginal, era conveniente que depois da morte não sofresse a corrupção. E por fim, sua participação na obra redentora de Cristo: Maria, a Mãe do Redentor, por sua íntima participação na obra redentora de seu Filho, depois de ter terminado o percurso de sua vida na terra, recebeu o fruto pleno da redenção, que é a glorificação do corpo e da alma. Assim, a Assunção é a vitória de Deus confirmada em Maria e assegurada a nós. É um sinal e uma promessa da glória que nos espera quando no fim do mundo, nossos corpos ressuscitarão e se união com nossas almas.
As Leituras ajudam a aprofundar o sentido da festa de hoje. A Primeira Leitura do livro do Apocalipse (11,19a;12,1-6a.10a) nos fala de um grande sinal. Uma mulher apareceu no céu vestida de sol e coroada de 12 estrelas. Apesar de perseguida pelo dragão, vitoriosa dá à luz um Filho. Esse sinal representa a Igreja. E Maria é imagem da Igreja, do novo Povo de Deus. Como Maria, a Igreja gera na dor um mundo novo. E como Maria, participa na vitória de Cristo sobre o Mal.
Na Segunda Leitura (1Cor 15,20-27), Paulo fala da participação no mistério da Ressurreição: primeiro Cristo e depois os que são de Cristo. A Mãe de Deus tem lugar privilegiado no grande movimento da Ressurreição. Maria é a Nova Eva, pois o Novo Adão, Jesus a faz a nova Mulher, sinal de Esperança para todos a humanidade
No Evangelho (Lc 1,39-56), temos o encontro de Isabel e Maria. Isabel proclama Maria bem-aventurada. Pela Visitação, na Judéia, Maria levava Jesus pelos caminhos da terra. Pela “Dormição” e pela Assunção, é Jesus que leva a sua mãe pelos caminhos celestes, para o templo eterno, para uma Visitação definitiva.
“Bem-aventurados aquela que acreditou” (Lc 1,45). É a primeira bem-aventurança no evangelho de Lucas. Maria é bem-aventurada não porque viu, mas porque acreditou na Palavra do Senhor. Nesta festa, Maria nos ensina um tríplice segredo. Primeiro, o segredo da Fé: “Eis aqui a serva do Senhor” (Lc 1,38). Depois, o segredo da Esperança: “porque para Deus nada é impossível” (Lc 1,37). E por fim, o segredo da Caridade: Maria partiu a caminho (Lc 1,45).
Maria proclama um Hino de louvor ao Senhor pelas maravilhas que Ele realizou nela e em favor dos pobres. Ela proclama que Deus realizou um tríplice transformação, para restaurar a humanidade na salvação, obra de Cristo. Primeiro, no campo religioso: Deus derruba as autossuficiências humanas, confunde os planos daqueles que nutrem pensamentos de soberba, se inclinam para Deus e oprimem os homens. Depois, no campo político: Deus derruba os injustificáveis desníveis humanos, “Derrubou do trono os poderosos e elevou os humildes” (Lc 1,52). Não quer aqueles que executam os povos, mas aqueles que estão a serviço dos povos para promover o bem das pessoas e da sociedade, sem discriminações raciais, culturais ou políticas. E por fim, no campo social: Deus confunde a classe baseada no dinheiro e na riqueza. “Encheu de bens os famintos, e despediu os ricos de mãos vazias” (Lc 1,53), para instaurar uma verdadeira fraternidade na sociedade, porque todos são filhos de Deus. 
O Magnificat ou o Cântico de Maria é um canto composto depois da ressurreição de Cristo, inspirado no canto da mãe de Samuel. Lucas o pôs nos lábios de Maria (1Sm 2,1-11). Alegremo-nos pela glorificação de Maria e pela Esperança de nossa própria Glorificação. Um dia poderemos estar lá, onde ela já está.
No terceiro fim de semana de agosto, Mês Vocacional, dedicamos aos Religiosos e Consagrados, Maria é apresentada como Modelo de pessoa consagrada e um “Sinal” de Deus no mundo de hoje. Rezemos por essa vocação, para que de nossas famílias e comunidades Deus chama jovens a se consagrar a Deus como Maria.
 
Pe. Anderson Messina Perini
Administrador Paroquial da Paróquia Jesus Bom Pastor de Santo André
Mestrando em Teologia PUC/SP
 
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