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“Heróis, vilões, aliados e interessados” — por Vanderli do Carmo Rodrigues

Entre a praticidade e o impacto ambiental: o desafio de mudar hábitos antes de proibir

Por: Redação Fonte: Vanderli do Carmo Rodrigues
13/08/2025 às 16h19
“Heróis, vilões, aliados e interessados” — por Vanderli do Carmo Rodrigues

Não há como negar que o plástico é uma das grandes invenções do século passado, uma das muitas utilidades do petróleo; sem a invenção do plástico, talvez nem existissem mais elefantes, pois que muitas coisas, hoje feitas com o plástico, antes eram feitas com o marfim; tais como bolas de bilhar, teclas de piano, cabos de talheres, pentes, esculturas, ornamentos em móveis... toda essa utilidade e procura alimentava a caça do querido gigante gentil.
 A descoberta e a criação do plástico, nasceu aos poucos, suprindo uma necessidade aqui ou ali; e quando a fórmula básica e perfeita foi encontrada, as criações e subprodutos não tiveram limites; quase tudo o que utilizamos hoje, tudo mesmo, tem um dedinho plástico nele, pode ser uma película finíssima, uma luva, a roupa do mergulho, um eletrodoméstico, vasilhames de cozinha, o material escolar, o isopor da sua quentinha, ou até mesmo uma casa! E acreditem, não cheguei a 10% das utilidades do plástico em nossas vidas!
Vivemos a era do plástico, não conseguimos imaginar a vida sem os utensílios criados com esse versátil material; a maioria deles possui baixo custo, são leves e descartáveis... Usou, quebrou, comprou novo. É barato, e a produção em massa não para...
Sim, vivemos a era do plástico e se o ritmo de produção e descarte do plástico não parar, em pouco tempo não teremos lugar para viver, ou teremos que escalar montanhas de embalagens para chegar ao nosso destino; muito dramático para o leitor? 
Bom, talvez...  Mas eu já fui mais dramática.... Quem está acostumado com meus textos, talvez tenha percebido uma mudança na forma como escrevo nos últimos anos, ando mais comedida, mais equilibrada e sem tanta revolta com as palavras, talvez seja o amadurecimento, ou estou ficando velha, para resumir o assunto.
Eu já escrevi muitos textos sobre animais marinhos enforcados com lacres de cerveja, engolindo sacolas, presos em redes, ou sem oxigênio devido ao excessivo número de garrafas pets nos mares, mas eu nunca defendi o plástico, sempre o classifiquei como um vilão, mas como eu disse, estou mais comedida, e não penso que uma invenção tão maravilhosa, deva levar a culpa pelos excessos humanos.
Sim, excessos. Compramos, descartamos e compramos novamente; e se vivemos a era do plástico, alie isso com o consumismo e a facilidade de comprar, e teremos acúmulos de produtos ruins e de baixo custo em cada gaveta.
Diante desses excessos, os governantes, pressionados por defensores de um planeta habitável, criam Leis e projetos de Leis para inibir a produção de alguns tipos de produtos de plástico; quem não se lembra da Lei proibindo canudos? Com milhares de garrafas, lacres de cervejas, potes e colheres descartáveis sendo atirados diariamente nos mares, proibir algo que é responsável por menos de 4% da poluição ambiental, enquanto se coleciona garrafas pets em todos os lugares, parece meio exagerado. Culpar os canudos, mesmo que eles poluam, que sejam difíceis de coletar, que diferente das garrafas pets não são visados na hora de reciclar, penso que é o mesmo que tentar colocar band aid para fechar uma cirurgia. Mas isso é assunto antigo, vamos aos novos.
Em Marília, recentemente voltou à baila, um assunto que para resumir dá nos nervos; eu sei, eu sei, estou mais comedida, sem tanta revolta... Então respira, e vamos lá! A proibição de sacolas plásticas nos supermercados é um assunto que há anos está em pauta. A ideia é válida, antes que eu passe uma imagem errada, levando em conta a quantidade de sacolas que ficam no ambiente por décadas, indo para mares e rios, mas seria uma ideia maravilhosa se o consumidor não fosse a parte prejudicada e se os motivos para a proibição fosse realmente o meio ambiente. Um supermercado de Marília foi motivo de críticas em redes sociais recentemente, pois que além de não fornecer a obrigatória sacola para que o cliente levasse suas compras, ainda tentaram vender uma sacola de tecido por quase R$ 5,00!
Você sabe que paga pela sacolinha plástica, não é? Que o preço dela já está embutido no valor dos produtos; então, sendo assim, o mercado deveria fornecer as sacolas ecologicamente correta na primeira vez, depois o consumidor deve retornar com ela, como fazíamos antes do plástico nos dominar com sua praticidade, quando os refrigerantes eram vendidos em garrafas de vidro, você se lembra, não é? Não estou tão velha assim...
Penso que a loja que puder fornecer uma alternativa biodegradável, que comece a fazer, não espere por Leis; nem todos os produtos pedem uma sacola plástica, para alguns, basta um saquinho de papel... Mas há outra questão que não se fala, mas que as donas de casa conhecem muito bem; quase todas as casas, colocam o lixo na rua, dentro dessas sacolas plásticas. Elas são as nossas aliadas quando se precisa armazenar o lixo, poucas famílias compram sacos plásticos... Para quem não sabe, existe uma lei que obriga colocar o lixo dentro de sacos plásticos; coloque seu lixo em latas como antigamente e ele ficará na sua porta indefinidamente.
Campanhas assim, sem um estudo prévio, no susto, só servirão para aumentar os gastos do consumidor e será um bom negócio para os fabricantes de sacolas e bolsas ecológicas... e os de sacos de lixo, claro. E assim como os canudos que tiveram que ser substituídos pelos de papelão, embalados individualmente, com mais material que vai para a natureza, vamos nós trocar “seis por meia dúzia”, como dizia meu pai.
Eu gostaria muito que alguém tivesse uma ideia revolucionária para acabar com as sacolas, que não houvesse interesses paralelos e particulares envolvidos, pois que ao abolir sacolas, mais sacos terão que ser vendidos; você acha que na natureza, se decompondo, haverá alguma diferença entre as sacos e sacolas? Sendo assim, quem se beneficia com essas proibições? Pois que eu tenho certeza que muito pouco vai mudar para a natureza; a verdade é que enquanto nós não mudarmos, enquanto não pararmos de consumir exageradamente, mais e mais produtos baratos e ruins serão fabricados e eles pedirão embalagens, sacos e sacolas... 
Não espere Leis para mudar o mundo, mude a si mesmo!

Vanderli do Carmo Rodrigues

 

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