Nos últimos dias estivemos num agradável bate papo, através das redes sociais, com o ex-ponta direita Massaharu Shimabuku, o “Harú”, depois de quase cinquenta anos. Para quem não sabe, o Harú jogou no Garça nos anos de 1975/76. Disputamos um campeonato juntos pelo “Azulão”, e nossa dobradinha até que rendeu alguns gols pro time. Naquela época, atleta de origem japonesa era difícil de jogar profissionalmente, pelo menos aqui no Brasil. Era até motivo de gozação. Bastava um time levar uma goleada que a torcida já gritava: “Também é um time de japonês, só pode tomar chocolatada”.
O Harú começou a quebrar esta escrita, e se firmou como um ótimo ponta-direita do futebol do interior paulista e paranaense. Um atacante que partia para cima dos laterais e não tinha medo de cara feia. Sabia dar dribles curtos e rápidos para chegar na linha de fundo e cruzar a bola na área.
Já o conhecia antes, desde à época que ele jogou na base do Marília. O Ipiranga sempre enfrentava o Maquinho, então comandado pelo técnico Pupo Gimenes. O lateral esquerdo Joatan sofria um bocado para marcá-lo, mas não dava moleza. Mal sabia que o Joatan praticava pedestrianismo, estava em plena forma, era páreo duro para o Harú. Tanto é verdade que o Joatan acabou sendo contratado pelo Maquinho.
Recordamos uma das formações do Maquinho Sub-20, do ano de 1972. Em pé, da esquerda para direita: Joatan, Edmilson, Hércules, Márcio, goleiro Joy e Marcelo. Agachados: José Luiz, Foguinho, Harú, Nivaldo e Larry.
Joguei com o Harú no Garça, era um time mediano, e ele um dos destaques do elenco. Aos poucos foi mostrando seu futebol, ficou famoso no futebol do interior, a ponto de interessar a outros times. Não deu outra, seguiu carreira e fez sucessos nos clubes que jogou.
Atualmente o Harú reside em Santos, virou um professor da bola, e é proprietário da “Oficina de Craques”, especializada em formar e revelar jogadores. Com certeza já saíram de sua escola mais de três centenas, que viraram profissionais, e estão em times brasileiros e do exterior.
Sempre envolvido com o futebol, o Harú deverá receber um grupo de empresários dos Estados Unidos, que pretendem investir no futebol brasileiro, mais precisamente em descobrir e revelar jogadores. Como estão a procura de uma cidade, o Harú colocou Garça no rol de cidades que poderão ser visitadas pelo grupo. Quem sabe a nossa infraestrutura esportiva interessa, e seja um prenúncio da volta do Garça FC?
A CARREIRA
O Harú jogou profissionalmente cerca de 21 anos. Começou a carreira no MAC, passou pelo Garça, Corintinha de Presidente Prudente, Esporte Clube São José dos Campos, União Bandeirantes do Paraná, Clube Atlético Candidomotense, Associação Cafelandense de Esportes, Associação São Bento. Depois atuou no Japão no Hiroshima e Orange, onde encerrou a carreira no ano de 1995. Ficou no Japão por mais cinco anos, promovendo clínica para professores nas escolas da terra do sol nascente.
Voltou ao Brasil e na cidade de Santos criou a tradicional “Oficina de Craques”, fundada no dia 12 de fevereiro de 2000, com filial no Japão. Com a experiência adquirida nos gramados, se especializou em revelar e formar jogadores.
Uma curiosidade: o Harú casou com o Neusa Vaz e teve três filhos: Raone, Robson e Maycon. Todos viraram atletas profissionais, jogaram no Japão, na Europa e até na China. No flagrante (foto abaixo), Harú e o filho Robson treinando garotos japoneses na “Oficina de Craques”, em Santos.
Agora veja o Harú no time do Garça, temporada de 1975, que disputou o então Campeonato da 1ª Divisão do interior paulista. Em pé da esquerda para direita: Tonho Nego, Túlio Calegaro, Ari Lima, Jair Proença, João Luiz e Pedroso. Agachados: Harú, Claudinho “Malhado”, Cláudio Belon, Cacau e Davi.
Wanderley
Tico Cassola