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Cristo, o Bom Pastor, compassivo com suas ovelhas

Veja artigo do Pe. Anderson Messina Perini, ex-pároco da Paroquia de São Pedro de Garça, hoje Administrador Paroquial da Paróquia Jesus Bom Pastor de Santo André

Por: Francisco Alves Neto Fonte: da redação
22/07/2024 às 08h25
Cristo, o Bom Pastor, compassivo com suas ovelhas

A Liturgia desse 16º Domingo Comum nos convida a celebrar a fé em Jesus, o Cristo-Pastor, que tem compaixão das ovelhas sem Pastor. Ter compaixão é ter os mesmos sentimentos e fazer de algo concreto por alguém. Jesus é modelo de compaixão, pois seu amor tão grande que sensibiliza com os sofrimentos da humanidade e move-se por amor dando esperança e alimentando quem vem ao seu encontro cheio de fé.

Na Primeira Leitura (Jr 23,1-6), Jeremias denuncia a infidelidade dos governantes de então. Esses maus pastores provocaram o exílio de todo o povo. “Ai dos pastores que deixam perder-se e dispersar-se o rebanho” (v.1). Esta conduta não ficará sem a punição de Deus. A voz do profeta faz nascer no exílio a esperança de novos pastores, que lutem pela justiça e o direito.

         É Deus mesmo que virá para cuidar do resto de suas ovelhas e entregará a pastores mais dignos. Aliás, a profecia anuncia o descendente de Davi, o rebento justo, o Messias, o rei-pastor, que reunirá as ovelhas dispersas e colocarão em segurança para obter justiça e paz. Lido na perspectiva cristã, este rebento justo é Jesus Cristo, o descendente de Davi, o Bom Pastor, nele encontramos todo bem.

A Segunda Leitura (Efésios 2,13-18), Paulo nos afirma que Jesus derrubou todas as barreiras que separavam os homens e os reuniu num só povo, num só rebanho. Jesus realizou a salvação para todos, reunindo povos divididos no novo povo de Deus, a Igreja. Isto foi reconciliado pelo mistério de sua cruz, destruindo o muro da inimizade. Por sua morte e ressurreição, todos os homens se tornam irmãos e filhos do Pai Celeste. Em Cristo temos acesso ao Pai em um só Espírito (v.18). Assim, Jesus reuniu todos os povos num só rebanho e redil e em um só Pastor e um só Pai: eis o fruto da redenção oferecido por Jesus pelas suas ovelhas.

O Evangelho (Marcos 6,30-34) revela quem é o Pastor prometido: Jesus de Nazaré. O texto nos apresenta duas cenas em que Jesus atua com misericórdia e solicitude de um Pastor: Jesus acolhe os Discípulos e acolhe o Povo.

Na primeira cena, Jesus é Pastor de seus Discípulos: na volta da missão, do seu “estágio pastoral”, os Apóstolos reúnem-se com Jesus como ovelhas ao redor do Pastor e contam com alegria e entusiasmo as maravilhas realizadas. Cristo escuta-os com interesse e, depois, mostra-lhes a necessidade de uma parada para o descanso e para uma interiorização. Por isso, convida-os a um lugar deserto.

Jesus é para os discípulos Mestre e Pastor. O texto é uma Catequese sobre o discipulado. Jesus forma seus discípulos. Envolve os discípulos na missão e leva-os a um lugar mais tranquilo para poder descansar e fazer uma revisão. Preocupa-se do seu alimento e do seu descanso, porque a obra da missão era tal que não havia tempo para comer. Indica que anunciar a Boa Nova de Jesus não é só uma questão de doutrina, mas antes de acolhida, de bondade, de ternura, de disponibilidade, de revelação do amor do Pai.

O Agente de Pastoral também muitas vezes se sente cansado e precisa do aconchego e da ternura do Bom Pastor. Precisa de Deserto, de silêncio e de oração, para avaliar as motivações de sua atividade. Caso contrário, torna-se um funcionário do sagrado, que não mostra ao mundo o rosto compassivo do Pai.

          Jesus desaprova o ativismo exagerado que destrói as forças do corpo e do espírito e leva, muitas vezes, a perder o sentido da Missão. Quais os Inimigos do nosso tempo de Deserto? O trabalho, as atividades sociais e religiosas, a política? Quais as consequências? Esquecemos o cultivo pessoal, da família (filhos, esposa, marido), dos amigos (solidão), da religião?

Na segunda cena, Jesus é Pastor do Povo Sofredor. O Povo cansado e oprimido busca em Jesus acolhida e proteção. E Jesus: “teve compaixão”; “pareciam ovelhas sem pastor”. Renunciou ao breve descanso programado: “E voltou a ensinar”. Jesus é o Pastor do seu povo, porque o alimenta com a sua palavra e o nutre com o evangelho da esperança. Alimenta-o com a palavra do conforto, do encorajamento, o pão do amor, da ternura, da atenção. Ele cuida de suas feridas, alivia suas dores, devolve-lhe a dignidade perdida ou roubada. Reacende nele a alegria e a esperança de viver.

Esse traço da personalidade de Jesus é um desfio para a Igreja e os seus ministros, para que não sejam burocratas do sagrado, mas irradiadores da compaixão do Pai diante das multidões, que ainda hoje continuam como “ovelhas sem pastor”.

Quem são os Pastores hoje? Pastores são todas as pessoas que têm responsabilidades na família, na escola, na catequese, nas pastorais, na sociedade. Todos nós, discípulos missionários de Cristo, somos ungidos como pastores. Movidos por sentimentos de misericórdia e compaixão, somos chamados a reproduzir em nós os traços de Jesus, o bom Pastor. Jesus tem compaixão e acolhe as pessoas, revelando o amor e a misericórdia de Deus. O Bom Pastor conhece pelo nome, escuta-as, conduz para Cristo, para Deus.

A Igreja, deve oferecer a tantas pessoas cansadas e oprimidas, que parecem ovelhas sem pastor, um espaço de repouso e de paz, através da experiência da oração profunda e da liturgia viva. Ao mesmo tempo, à imagem de Cristo, deve agir com misericórdia e compaixão diante da miséria humana.

Quais as atividades exageradas que nos impedem momentos de deserto: para nós, para a família, para os amigos, para a comunidade? Quem são as ovelhas sem Pastor? A esposa, o marido, os filhos, os catequizandos, os alunos etc. Que significa concretamente para nós hoje: “ter compaixão”?

Jeremias dizia aos homens do seu tempo: “Ai dos pastores que deixam o rebanho se perder”. A palavra de Jeremias é válida para todos os tempos e também para nós, pois é a palavra do próprio Deus. Um dia o que preferimos ouvir: “Ai dos pastores que deixaram o rebanho morrer?” ou felizes os pastores que salvaram o meu rebanho? 

 

Pe. Anderson Messina Perini

Administrador Paroquial da Paróquia Jesus Bom Pastor de Santo André

Mestrando em Teologia PUC/SP

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