Celebramos após a solenidade de Pentecostes, no primeiro domingo que se inicia a segunda parte do Tempo Comum, a Festa da Santíssima Trindade. Esta festa quer recordar um dos dogmas fundamentais de nossa Fé presente na oração do Creio: eu creio em Deus, que é Pai Criador, é Filho Redentor e é Espírito Santo Santificador. Não cremos em três deuses, mais em um só Deus em três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. Esta fé não nos é dada pelo alcance da razão, mas foi nos dada pela Revelação presente na Sagrada Escritura: no relato do batismo de Jesus no rio Jordão (Mt 3,17); no mandato batismal (Mt 28,19); na referência da unidade das três Pessoas (Jo 11,26-27; Jo 14,8-11); e nas fórmulas trinitárias (2Cor 13,13; Rm 16,20-21; 1Cor 16,23; 1Ts 5,28; 2Ts 3,18).
O Deus cristão não é uma mônoda, um Ser Supremo e solitário, totalmente apático a sua obra criadora. O Deus cristão é uma comunidade de três Pessoas que se relacionam eternamente e existem em si desde sempre numa única natureza divina e em único Ser que se preocupa com a criação na gratuidade movendo-a ao fim pelo qual foi criado. É um único Deus e Senhor, Eterno (não tem princípio e não terá fim), Onisciente (sabe todas as coisas), Onipresente (está em todos os lugares), Todo-Poderoso (seu poder é supremo), Bondoso, Justo, Misericordioso, Amoroso e todas as perfeições que podemos pensar no seu mais alto grau de capacidade.
O que distingue as Pessoas em Deus Uno e Trino? Não são suas atribuições especiais como a Criação, a Redenção ou a Santificação. Não se distinguem nem pela sua natureza, que é a divina e una, nem pelas suas perfeições, pois são as mesmas e de igual valor para as três Pessoas. As Pessoas na Trindade se distinguem pelas suas relações de origem. O que distingue a Pessoa do Pai? O Pai se distingue pela Paternidade. O Pai é inacessível, sem princípio, a Primeira Pessoa da Trindade e é a sua origem fundamental, pelo qual gera o Filho. O que distingue o Filho? Ele é distinto pela Filiação, do qual é gerado pelo Pai por via de entendimento. O Filho é a Segunda Pessoa, o Verbo, a Palavra, a Sabedoria na Trindade, o reflexo e entendimento do Pai. O que distingue o Espírito Santo? Ele se distingue pela Espiração ou Processão. O Espírito Santo procede do Pai pelo Filho por via da vontade ou impulso do amor. Ele é a Terceira Pessoa e se relaciona com o Pai e o Filho pela espiração passiva, pelo qual retorna e retribui ao Pai e ao Filho o Amor, é o próprio vínculo da Trindade.
A melhor imagem que nos temos da Trindade é de Santo Agostinho. Este santo nos diz que a relação da Trindade poderia ser exemplificada por uma relação de amores. O Pai é o eterno Amante do Filho, que é o eterno Amado do Pai. O Pai eternamente ama seu Filho, e o Filho, por sua vez, ama eternamente seu Pai. Este amor é gratuito, infinito, espontâneo e simultâneo. O Amor que existe entre o Pai e o Filho é também uma Pessoa, o próprio Espírito Santo, que é vínculo entre o Pai e o Filho, e procede do Pai pelo Filho, a vontade do Pai e do Filho de eternamente amarem-se. E também o Pai e o Filho amam este Amor que existem entre eles. E como já bem disse são João evangelista, Deus é Amor e nele só cabe Amor, assim também Ele nos ama. E nos ama primeiramente, para que descobrindo-nos este amor, podemos amá-lo. Seu amor pela humanidade se manifesta-se claramente na Encarnação do Verbo, quando o Filho se torna humano por obra do Espírito Santo no seio da Virgem Maria. E agora, o eterno Amado de Deus é verdadeiro ser humano, e em Cristo, a humanidade inteira na glória da Trindade participa de seu amor.
Todavia este Mistério ultrapassa nosso entendimento, mas não é absurdo crer nisto, pois podemos compreendê-lo. Cremos na Trindade porque Deus nos revelou. E este conhecimento é belíssimo. E quanto mais nós nos aprofundemos nesta fé, mais percebemos o quanto Deus vem em primeiro ao nosso encontro.
Pe. Anderson Messina Perini, Administrador Paroquial da Paróquia Jesus Bom Pastor de Santo André
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