Garça sempre foi bem abaliada na questão da preservação ambiental. Mas bastou um incêndio para mudar o cenário e colocar o município, assim como seu vizinho Álvaro de Carvalho, entre os que mais registraram destruição de vegetação nativa no estado em 2024. As cidades ocupam, respectivamente, o segundo e o terceiro lugares no ranking estadual, atrás apenas de Barretos. Os dados estão num levantamento divulgado pelo Painel Verde, do Governo do Estado de São Paulo.
Segundo a Polícia Ambiental, um dos principais fatores que contribuíram para a devastação foi um incêndio de grandes proporções iniciado em setembro em uma estação da Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL). Segundo o tenente Lopes, da Polícia Militar Ambiental do Estado de SP, o incêndio na estação consumiu 189 hectares em área de preservação. Em entrevista ao site G1, o militar também citou outros prejuízos adjacentes à ocorrência.
"Além disso, a fauna local também é severamente atingida, pois a vegetação nativa e ampla do local serve de lar para diversas espécies, inclusive de grande porte e no topo da cadeia alimentar. Essas espécies podem, inclusive, fugir para rodovias próximas, aumentando o risco de acidentes. Por último, podemos elencar a questão da fumaça, que prejudica muito a saúde dos moradores locais e de cidades próximas da região", explica.
A investigação apontou que a área onde o incêndio começou não recebia a manutenção adequada. A perícia técnica revelou que mais de 2 mil hectares foram afetados em 31 propriedades, incluindo Áreas de Preservação Permanente (APPs). Como resultado, foram emitidos 75 autos de infração ambiental. A CPFL foi multada em R$ 12 milhões por sua responsabilidade no caso, segundo a Polícia Ambiental. Em nota divulgada na época, a empresa lamentou o ocorrido, mas negou responsabilidade, afirmando que apresentaria sua versão dos fatos no momento oportuno.
"O principal obstáculo dessa regeneração natural é principalmente a ação humana, quando é utilizado o local para agropecuária, seja para plantio de diversas culturas, ou seja, para a utilização também de animais, principalmente bovinos, que acabam pisoteando áreas ali de APP e dificultando a regeneração nativa da vegetação nesses locais, principalmente ao redor de nascentes, que são de suma importância para a preservação dos recursos hídricos da região" conta.
Ainda de acordo com o tenente, a Polícia Militar Ambiental embargou o local para que não ocorra nenhum tipo de utilização na área da agropecuária, visando à recuperação da vegetação nativa que foi atingida.
Em resposta aos questionamentos da Tv Tem, a companhia disse que, após avaliação técnica, não tem responsabilidade pelo incêndio que atingiu propriedades da região de Marília e que já apresentou toda a defesa técnica e aguarda a decisão sobre o tema. A Prefeitura de Álvaro de Carvalho informou que as áreas atingidas eram compostas por plantações de eucalipto e pastagens, e destacou que a orientação municipal é voltada à prevenção por parte dos proprietários rurais. Já a Prefeitura de Garça declarou que o fogo teve início em uma propriedade localizada em Álvaro de Carvalho e, posteriormente, se espalhou para as áreas do município.