O futebol garcense está de luto. Aos 79 anos, após uma batalha corajosa contra uma grave enfermidade, Moacir Santana, mais conhecido como Ciro, se despediu deixando um legado inesquecível no esporte amador de Garça. Tradicional morador do bairro Labienópolis, Ciro foi um exemplo de dedicação e paixão pelo futebol, onde marcou época como centroavante e árbitro, consolidando seu nome entre os grandes da história esportiva local.
Nos anos 1970, ao lado de seu irmão Zé Santana, formou uma das mais emblemáticas duplas de ataque do futebol amador da região. Ciro era centroavante nato, daqueles que não temiam o confronto com os zagueiros. "Raçudo, encarava de frente qualquer defensor e partia para o ataque sem medo", lembra o colunista Wanderley Tico Cassola. Sua determinação em campo era admirada por todos, tornando-o uma referência para os jovens jogadores da época.
Wanderley, que foi seu companheiro de time no Ipiranga, recorda com emoção dos conselhos e da camaradagem de Ciro. “Ele já estava em fim de carreira e começava jogando de titular. O técnico Faruk Salmem me colocava em seu lugar. Ele me abraçava e dizia: ‘já cansei os béques. Entra e vai marcar gols’. E funcionava. Nos vestiários, ele vinha e me cumprimentava com orgulho: ‘Tá aprendendo direitinho, hein!’”, conta Tico Cassola. Ciro sempre esteve disposto a compartilhar seu conhecimento, como mentor e exemplo de generosidade em campo.
Após pendurar as chuteiras, o amor pelo esporte o levou à arbitragem, onde continuou a exercer sua liderança. Durante anos, apitou jogos do campeonato amador com pulso firme e absoluto respeito dos atletas. "Com ele no apito, jogador não bagunçava. Sabia aplicar as regras e, se preciso, mandava pro chuveiro mais cedo", recordam antigos companheiros.
Além do futebol, Ciro teve uma carreira sólida como funcionário na Farinha Deusa, onde trabalhou por mais de 40 anos. Sua trajetória profissional foi marcada pela mesma dedicação que demonstrava no campo: um homem honrado, honesto e trabalhador. Sua simplicidade e humildade conquistaram todos que tiveram o privilégio de conviver com ele.
Ciro deixa os filhos Rita, Renata, Reinan, Leonor e Alessandra, além dos netos Rafael e Matheus, frutos da união com Aparecida Inez Basso Santana, sua esposa já falecida. Para além da família, uma legião de amigos e admiradores agora lamenta a perda do eterno centroavante.
Seu corpo está sendo velado na 1ª Igreja Batista de Garça (Rua João Manzano 284), e o sepultamento ocorrerá neste domingo, às 14 horas, no Cemitério Santa Faustina. A cidade se despede de um ícone, mas o legado de Ciro permanecerá vivo nos campos de futebol e na memória de todos que, em algum momento, partilharam da sua paixão pelo esporte. Garça perdeu um herói do futebol amador, mas o céu ganhou um atacante aguerrido, que, certamente, continuará fazendo gols nas estrelas.
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