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Entenda o feriado estadual de 9 de Julho: Revolução Constitucionalista de 1932

A Revolução Constitucionalista representou o inconformismo de São Paulo contra a ditadura do presidente Getúlio Vargas e custou a vida de mais de mil pessoas.

09/07/2021 às 15h58 Atualizada em 09/07/2021 às 17h33
Por: Da Redação Fonte: Garça em Foco
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Entenda o feriado estadual de 9 de Julho: Revolução Constitucionalista de 1932

A data é 9 de julho, o ano 1932. Um marco na história de São Paulo e do País. A Revolução Constitucionalista representou o inconformismo de São Paulo contra a ditadura do presidente Getúlio Vargas e custou a vida de mais de 800 soldados do lado paulista e cerca de 400 aliados do governo.

Uma das principais causas do conflito foi a ruptura da política do ‘café com leite’, alternância de poder entre as elites de Minas Gerais e São Paulo, que caracterizou a República Velha (1889-1930). Na época, Getúlio Vargas ocupava a presidência da República devido a um golpe contra o presidente eleito Júlio Prestes, representante da política paulista.

Com a revolução, em outubro de 1930, Vargas assumiu a Presidência e se negou a dividir o poder com os paulistas, nomeando um interventor não paulista para governar o Estado.

Além disso, aboliu as instituições, desde o Congresso Nacional até as Câmaras Municipais. Todo o Legislativo e Executivo passaram a ser dirigidos pelo Governo federal. ‘Alistamos para defender a Constituição que o ditador Vargas rasgou anulando os direitos de todos os brasileiros’, disse Geraldo Farias Marcondes, 91 anos, ex-combatente e atual presidente da Sociedade Veteranos de 32 – MMDC.

Indignados com a situação, setores da sociedade paulista passaram a promover grandes mobilizações populares contra o governo, que se estendiam para outros estados também como Minas Gerais, Alagoas e Rio Grande do Sul. No Rio de Janeiro, em 1931, o PCB (Partido Comunista Brasileiro) organizou uma manifestação contra a carestia, violentamente reprimida.

O estopim da fase armada do levante foi uma manifestação ocorrida no dia 23 de maio de 1932, na Praça da República, onde ficava a sede do governo do interventor nomeado por Vargas.

Os manifestantes tentaram invadir um escritório do partido varguista (Partido Popular Paulista). Nesse conflito foram mortos quatro estudantes: Euclydes Bueno Miragaia, Dráusio Marcondes de Souza e Antônio Américo de Camargo Andrade. Um quinto manifestante, morreu dias depois no hospital.

O movimento ganhou mártires e adotou a sigla MMDC (Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo).

Em julho, estourou a rebelião armada. A Faculdade de Direito de São Paulo, no Largo São Francisco, foi transformada em primeiro posto de alistamento de voluntários para as frentes de combate.

Marcondes disse que veio de Bauru, com 19 anos, para se alistar na Capital e servir a causa paulista. ‘Eu e meus companheiros viemos em trem de 2ª classe, mas alegres, por defender a Constituição’. Lembrou que os voluntários escolhiam o batalhão que queriam se alistar. Marcondes serviu no 5º BCR, em Quitaúna.

As operações militares começaram no dia 12 de julho com frentes de batalha nas divisas com o Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná e ainda no Litoral. Segundo Marcondes, 50 mil homens aderiram ao movimento. Mas os soldados federais eram mais numerosos, cerca de 100 mil, e bem equipados. São Paulo contava inicialmente com o apoio dos militares de outros estados. Mas somente Mato Grosso manteve-se leal. ‘O apoio que esperávamos de Minas Gerais e Rio Grande do Sul não veio na última hora por uma manobra política de Vargas’.

A indústria paulista apoiou o movimento armado ocupando um papel decisivo na guerra. Cerca de 500 estabelecimentos industriais foram mobilizados por um cadastro realizado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e pela Escola Politécnica.

Houve criação de máquinas novas, adaptação de outras para fabricar cartuchos de fuzil, bombas, granadas e combustíveis, além da produção de alimentos, roupas, uniformes e capacetes.

Os paulistas se mobilizaram para defender o Estado. De um lado a produção industrial em quase todos os setores, e de outro a colaboração, da imprensa, das mulheres,do clero e até crianças.

Marcondes se recorda que a necessidade de recursos fez com que fosse criada a Campanha ‘Ouro para o Bem de São Paulo’. Jóias, alianças, correntes de relógio, prataria de família, crucifixos e outros objetos religiosos foram doados por paulistas numa manifestação de fé na causa constitucionalista.

‘Num determinado momento, estava na trincheira e recebi uma carta da minha mãe dizendo que toda a família tinha recolhido jóias para ajudar a revolução’, lembra emocionado o ex-combatente. Aos que ofertavam alianças era dado um anel de ferro com a inscrição ‘dei ouro pelo bem de São Paulo’.

O desequilíbrio entre as forças governistas e constitucionalistas era grande. Apesar da resistência paulista, no final de agosto as tropas sentiam a falta de equipamentos. ‘O problema é que ficamos cercados e não tínhamos armamentos nem munições’, disse Marcondes.

Após três meses de batalha, os paulistas se renderam no dia 2 de outubro. Para Marcondes, se as tropas revolucionárias tivessem resistido um pouco mais teriam vencido a batalha.

Mas toda essa mobilização não foi em vão. Em maio de 1933, foram realizadas eleições para a Assembléia Constituinte. Em novembro, foi elaborada a Constituição brasileira, promulgada pelo presidente Vargas, em 1934.

‘Perdi muitos amigos nas trincheiras, mas sei que não foi em vão. Os jovens de hoje precisam conhecer essa história e saber que agora eles é que têm a responsabilidade pela grandeza de São Paulo’, comentou emocionado. Quem quiser saber mais e ver fotos da Revolução de 1932 pode visitar a Sociedade Veteranos de 32 – MMDC, na Rua Anita Garibaldi, 25 – Centro, das 12h30 ás 17h30

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