A sessão da Câmara Municipal de Garça da última segunda-feira (25) foi palco de um dos embates mais tensos do ano. O vereador Adhemar Kemp Marcondes de Moura Filho (Republicanos) utilizou os minutos finais para responder duramente às declarações de Paulo André Faneco (NOVO), que em vídeo o havia acusado de espalhar “desinformação” ao denunciar a falta de medicamentos na rede municipal de saúde.
O vídeo de Paulo André
Em vídeo divulgado nas redes, o vereador Paulo André disse que Adhemar estava promovendo um “espetáculo político” sobre uma suposta falta de remédios em Garça. Segundo ele, “nenhum medicamento obrigatório está em falta”, com exceção de três itens específicos. Para sustentar sua fala, mostrou imagens dos estoques das farmácias municipais, afirmando que tudo não passava de “teatro”.
A reação de Adhemar: “Mentiroso é você”
Da tribuna, Adhemar rebateu com firmeza as acusações e ampliou o debate. Ele afirmou que Paulo André, ao chamá-lo de mentiroso e desinformado, também estaria chamando os cidadãos e profissionais da saúde de mentirosos:
“As reclamações vieram diretamente da população. Quando você me chama de mentiroso, chama também cada cidadão que procurou essa Câmara e cada profissional de saúde que relatou a falta de remédio. Ninguém aqui é burro ou mitomaníaco para inventar esse tipo de coisa”, disparou.
Em outro trecho, o vereador devolveu a acusação: “Mentiroso é você, Paulo André, que foi na farmácia em um dia em que não havia falta e quis mostrar uma realidade que não corresponde à verdade. A lista de medicamentos faltando estava nas paredes e nas mãos das pessoas. Mais de 100 comentários em uma única postagem confirmam isso.”
Fama de perseguidor e processo com brasão
Adhemar também resgatou episódios polêmicos envolvendo Paulo André, afirmando que o colega de Câmara “nunca respeitou o Legislativo”. Ele lembrou de um processo em que o vereador usou o brasão da Prefeitura em publicações no Facebook, o que teria, segundo ele, prejudicado a imagem da administração municipal e gerado desgaste político.
O parlamentar ainda criticou o comportamento do colega em situações passadas, como discussões ríspidas com professoras e recicladoras em sessões anteriores. Para Adhemar, esse tipo de postura reforça uma “fama de perseguidor” que estaria de volta:
“As pessoas hoje têm medo de perder o emprego e até de falar sobre a falta de medicamentos. Algumas me disseram: ‘vereador, eu tenho faculdade para pagar, não quero problema’. Por que será? Será que a fama de perseguidor está voltando?”, questionou.
Lei de entrega de remédios não saiu do papel
Além do embate, a sessão trouxe outro tema importante: a cobrança do vereador Leandro Marino (NOVO) sobre a execução de sua lei que prevê a entrega domiciliar de medicamentos a idosos e pessoas com deficiência. Apesar de sancionada há mais de 90 dias, a norma não foi colocada em prática.
Moradores relataram inclusive que, ao procurar informações, ouviram de servidores que a lei “nem existia”. A Prefeitura, por sua vez, respondeu ao parlamentar que não houve procura formal.
Pressão popular aumenta
Após a sessão e a publicação da reportagem sobre a lei de entrega de medicamentos, alguns munícipes reforçaram os relatos de desabastecimento. “Nem medicamentos tem, quanto mais entregar na residência”, comentou uma moradora.
O embate entre Adhemar e Paulo André expõe não apenas divergências políticas, mas também um problema concreto na saúde pública de Garça. Enquanto Paulo André insiste em dizer que não há desabastecimento, Adhemar sustenta que a insatisfação popular é a prova de que a versão oficial não condiz com a realidade.