A cada queda, um susto. Um alerta. A cada queda, um idoso pode perder a autonomia, a saúde e, em casos mais graves, a vida. O problema das quedas em idosos é mais comum do que se imagina e as consequências podem ser devastadoras. A morte do cantor Agnaldo Rayol, 86 anos, e o recente acidente com o presidente Lula no Palácio da Alvorada, ambos causados por quedas, acendem um alerta sobre um problema de saúde pública em crescente expansão: os acidentes domésticos com idosos. Segundo dados do Ministério da Saúde, 70% das quedas em pessoas com mais de 65 anos ocorrem dentro de casa, sendo a terceira causa de mortalidade nessa faixa etária.
Esses incidentes não são isolados. Em todo o mundo, uma em cada três pessoas com mais de 65 anos sofre pelo menos uma queda por ano. As causas são diversas e vão além do envelhecimento natural, englobando fatores como uso de medicamentos, falta de atividade física e ambientes inadequados.
As quedas podem ter consequências graves, desde fraturas até traumas cranianos. Fraturas de quadril, por exemplo, levam a longos períodos de recuperação e podem resultar em perda de autonomia e até mesmo óbito. Além do sofrimento físico, as quedas também causam um impacto psicológico significativo, gerando medo e insegurança nos idosos.
Para entender melhor esse tema, o Jornal Mais conversou com o Dr. Marcelo Miranda, especialista em saúde do idoso. O médico explica que as quedas são multifatoriais, envolvendo desde o processo natural de envelhecimento, com a perda de massa muscular e a diminuição da flexibilidade, até fatores externos como o uso de medicamentos, a falta de atividade física e ambientes inadequados.
As consequências das quedas são variadas e podem ir desde fraturas simples até traumas cranianos, que podem levar a sequelas neurológicas graves. “Muitas vezes, uma simples queda pode desencadear um processo de fragilização, levando à perda da independência e a um isolamento social”, alerta o Dr. Miranda.
Além do sofrimento físico, as quedas também causam um impacto psicológico significativo, gerando medo e insegurança nos idosos. “O medo de cair pode levar a uma diminuição da atividade física, o que, por sua vez, aumenta o risco de novas quedas, criando um ciclo vicioso”, explica o especialista.
COMO PREVENIR
A prevenção é fundamental para garantir a segurança e a qualidade de vida dos idosos. Segundo o Dr. Miranda, algumas medidas simples podem fazer a diferença. A adaptação do ambiente é uma delas.
“Para evitar acidentes domésticos, é fundamental adaptar o ambiente conforme as necessidades específicas de cada idoso, com o objetivo de proporcionar mais segurança e autonomia. Barras de apoio em locais como banheiros, corredores e áreas de maior circulação ajudam muito, assim como garantir uma iluminação adequada em todos os cômodos. São medidas que podem realmente fazer a diferença no dia a dia. Reorganizar os móveis e remover objetos soltos, como tapetes ou fios, também é importante, bem como evitar obstáculos que possam dificultar a mobilidade e aumentar o risco de quedas’’, observa o especialista.
Além das adaptações no ambiente, outras medidas são essenciais, como maneiras de aumentar a resistência física dos idosos. Dr. Marcelo destaca a importância da prática regular de exercícios.
“É primordial inserir na vida dos idosos a prática regular de atividades físicas, com objetivo de obter fortalecimento muscular e ganho de equilíbrio, o que, além de prevenir quedas e acidentes, proporciona segurança e bem-estar ao realizar as suas atividades de vida diária. Esses exercícios devem ser realizados de maneira orientada, respeitando as limitações e necessidades individuais de cada pessoa, para garantir que realmente tragam benefícios’’, diz o médico.
Simultaneamente, algumas doenças crônicas podem propiciar a ocorrência de quedas, como depressão, diabetes, hipertensão arterial, artrite, Parkinson, Alzheimer e AVC. “É imprescindível que o idoso tenha acompanhamento médico regular e siga as orientações dadas pelo especialista e pela equipe multiprofissional”, informa. Além dessas precauções, é essencial incentivar a independência do idoso. Isso pode ser feito promovendo atividades que estimulem sua autonomia por meio da realização de tarefas cotidianas, como preparar refeições leves ou cuidar de plantas.
“É fundamental que os idosos tenham seus medicamentos revisados regularmente por um médico, a fim de evitar interações medicamentosas e efeitos colaterais”, coloca Dr. Marcelo Miranda.
O papel do geriatra, profissional de saúde especializado no cuidado do idoso, é fundamental nesse processo. O especialista realiza uma avaliação completa do paciente, identificando os fatores de risco para quedas e indicando as melhores estratégias para prevenção. “O geriatra pode orientar sobre a adaptação do ambiente, a prática de atividades físicas seguras e a utilização de recursos auxiliares, como bengalas e andadores”, explica o Dr. Miranda.
Para o especialista, ao adotar medidas preventivas e buscar acompanhamento médico regular, é possível reduzir significativamente o risco de quedas e garantir um envelhecimento mais saudável e independente.
“As quedas em idosos são um problema sério que exige atenção e cuidados. Ao adotar medidas preventivas e buscar orientação médica, é possível garantir a segurança e a qualidade de vida dos nossos idosos”, afirma.