Nesta última segunda-feira 13 de março de 2023, a Igreja Católica celebrou os dez anos de eleição e do pontificado do Papa Francisco. Eleito para suceder o papa Bento XVI, falecido neste início do ano, sua eleição foi marcada por um lado pela renúncia histórica de seu predecessor e o primeiro para latino-americano e jesuíta e o primeiro a escolher o nome de Francisco.
O então cardeal Jorge Mário Bergoglio era arcebispo de Buenos Aires na Argentina, foi considerado conservador e cotado para suceder a João Paulo II. Seu papado, ao contrário, é marcado por mudanças e reformas na Igreja e enfrenta desafios tanto no interior da Igreja como mudanças e conflitos no mundo. O papado é uma das instituições mais antigas do mundo. Ele é eleito pelo colégio de cardeais como Vigário de Cristo e servo dos servos de Deus para ser sinal de unidade, caridade e paz de toda Igreja Católica e o primeiro entre os bispos. Naturalmente sua sede e bispado é a diocese de Roma, todavia, como sucessor direto de São Pedro Apóstolo, o papa tem a missão de ser o sinal de unidade e o dever do cuidado por todas as dioceses.
O papa Francisco com seu carisma e missão busca com gestos e palavras levar adiante a Igreja, e pelos documentos e reflexões que propõe, anunciar o Evangelho de Jesus Cristo convidando a todos a fraternidade, à proximidade, à ternura, a exemplo de Jesus, como costuma enfatizar. Nestes dez anos de pontificado destacamos algumas realidades que tocam Francisco: a fraternidade humana, a atenção à família, a ecologia integral, o combate aos abusos na Igreja, a presença na sociedade e uma nova perspectiva dos cristãos leigos.
Fraternidade Humana – um dos pontos que marcam o pontificado de Francisco é a encíclica Fratelli Tutti (Todos Irmãos), documento que destaca o desejo da humanidade reviver a sua aspiração de irmandade. Duas contribuições podemos destacar desta encíclica. A primeira, como recorda o papa, é se quisermos viver a fraternidade devemos reconhecer que temos todos Deus como Pai. Isso é uma verdade fundamental. Pois se Deus é nosso Pai, e todos nós somos seus filhos e filhas, todos sem distinção, também todos somos irmãos e irmãs. Eis a primeira raiz e verdade fundamental da fraternidade. O segundo ponto é que é preciso, segundo o papa, recomeçar de forma artesanal a reconstrução da fraternidade a partir dos pobres, para que ninguém fique de fora.
Família – a realidade da Família tem sido destaque neste pontificado. Foi trabalho de duas assembleias sinodais, uma exortação apostólica, um ano temático e dezenas de catequeses sobre o assunto. A exortação Amoris Laetitia (Alegria do Amor) veio confirmar e valorizar os trabalhos da Pastoral Familiar, trouxe um ar de renovação e uma motivação maior para o cuidado das fragilidades das famílias.
Ecologia Integral – Papa Francisco deu atenção ao cuidado com nossa casa comum, como ele costuma chamar nosso planeta. Marca disso foi a encíclica Laudato Si’ (Louvado Seja). Tal tema é importante no Brasil e teve repercussões nas pastorais sociais e na Assembleia Pan Amazônica. A temática foi popularizada na Campanha da Fraternidade sobre os Biomas no Brasil, que fez refletir sobre a importância do cuidado de nossa casa comum e das realidades humanas e sociais que nela convivem. Francisco não defende uma ecologia militante e pura sem se cuidar das questões sociais e econômicas que isso envolve. Cuidar de nossa casa comum invoca também cuidar e zelar por cada irmão. Por isso, se fala de ecologia integral, pois o envolvimento do cuidado da casa comum é cuidar de um corpo articulado, que não estamos isolados.
Presença na Sociedade – o pontificado de Francisco é marcado pela palavra Cuidado. Nesse sentido, podemos destacar três ações concretas deste papado. A primeira é a ecologia integral, destaque da Laudato Si’ que visa cuidar de toda criação, inclusive da promoção de uma sociedade inclusiva e de bem estar social. Que valorize as pessoas primeiramente e não as motivações financeiras. Para isso, o segundo passo é a Educação, o qual o papado promove o Pacto Educativo Global, para uma educação que aborde as novas gerações as inspirações do cuidado da casa comum. E aos jovens, deu-lhes o desafio de uma nova economia que foi denominada de Economia de Francisco, uma economia que promove as pessoas, que inclui a todos e dê a todos os três t’s: Terra, Teto e Trabalho.
Cristãos Leigos e Leigas – a Igreja é marcada por Francisco pela valorização do sacerdócio comum dos fiéis e de um novo impulso ministerial aos cristãos leigos e leigas, sobretudo, a valorização do papel da mulher, e como proposta do Sínodo, uma nova dinâmica nas relações entre as diversas vocações eclesiais: ministérios ordenados (bispos, padres e diáconos), vida religiosa e consagrada, vocação a vida matrimonial, e o engajamento pastoral dos cristãos. Destacamos o avanço na Igreja para os ministérios instituídos estendidos as mulheres de forma oficial como o acolitado e o leitorado e a instituição do catequista ministerial.
Prevenção dos abusos na Igreja – o papado de Francisco é marcado pela tolerância zero em relação aos abusos de autoridade e escandalosos praticados por integrantes do clero e responsáveis por instituições na Igreja. Para isso, foi exortado que em todas as dioceses e instituições religiosas haja uma ouvidoria e um serviço de proteção e prevenção contra abusos. A mudança do Livro VI do Código de Direito Canônico que trata das sanções na Igreja, das penas e delitos, foi fundamental para maior rigidez e eficácia no trato do assunto, sobretudo, quando praticado por membros do clero. É um momento na Igreja de mudança de paradigma, de trabalho com maior transparência, com cuidado, prevenção e proteção no caso dos abusos. (Fonte: Baseado no texto “10 anos do Pontificado do Papa Francisco”, site CNBB)
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