Sempre nos deparamos com os seguintes questionamentos: De quem é o papel de educar? Cabe aos pais ou a escola ensinar? A escola deve ensinar ou educar?
Educar, instruir, erudir, preparar, são exemplos de verbos que muitos acreditam fazer parte do papel principal da escola. Por outro lado, a quem defenda que compete a família a função de educadora.
Em muitos casos os pais esperam da escola toda essa responsabilidade, tanto da educação e de todo processo de ensino aprendizagem. Da mesma forma, alguns professores esperam que os pais eduquem e ensinem seus filhos para que cheguem prontos para absorver todo o conhecimento pedagógico.
A educação vai muito mais além, segundo Paulo Freire, educar é humanizar o mundo por meio de uma formação cultural e da práxis transformadora de todos os cidadãos sujeitos da sua história.
Shinish Suzuki, um importante filósofo e educador musical que defende a educação para o talento, apresenta um triangulo, onde o professor e a família estão totalmente interligados com o aluno no processo de ensino aprendizagem. Para o referido autor, o talento não é totalmente inato, mas sim é construído através da educação para o talento. Para Suzuki, assim como todos nós seres humanos temos um grande potencial para aprendermos nossa língua materna, todos nós temos o mesmo talento para aprender violino por exemplo.
Naturalmente a família está presente na formação dos filhos desde a gestação, o contato com a linguagem acontece muito antes da criança ter acesso a escola, ocorre de forma natural, no dia a dia juntamente com a família. Piaget acredita que a educação possibilita à criança um desenvolvimento amplo e dinâmico desde o período sensório- motor, de 0 a 2 anos de idade.
A pedagogia em geral, enxerga o sujeito como algo previamente estabelecido, ele por si só, já nasce sujeito e com isso necessita ser moldado, trabalhado e educado. Já Michel Foucault enxerga o sujeito de uma forma diferente, ele afirma que o mesmo é uma invenção da modernidade, ele é algo construído pela sociedade.
Nesta percepção o autor supracitado elenca a necessidade e vê na perspectiva da educação uma forma de se fazer a diferença, pois os sujeitos de um não é o mesmo que outrem, contudo veem na educação uma perspectiva de fazer a diferença. Portanto ambos têm como resultado que é na escola que esse sujeito será formado.
Diante dessas colocações, fica evidente que tanto a família, quanto a escola tem um papel de suma importância na educação, e caminhando juntas tem um grande potencial. Imaginemos todo o trabalho desenvolvido dentro da escola sendo acompanhado e fomentado a cada dia dentro de casa com os pais.
A nossa carta magna a Constituição Federal, que embasa a Educação como responsabilidade do Estado e da família, sendo incentivada e promovida com a colaboração da sociedade, aduz que: “Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 1988)
Portanto diante de tantas construções sobre a educação e de quem é sua responsabilização, além da educação nas escolas e da família, devemos nos questionar: O que você como cidadão pertencente a sociedade, tem contribuído para o processo de formação de alguém?
Encerro esse texto com a seguinte frase de Içami Tiba: “Você quer educar? Seja educado. E ser educado não é falar ‘licença’ e ‘obrigado’. Ser educado é ser ético, progressivo, competente e feliz”