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Transtorno de Oposição Desafiante: um sintoma individual ou social?

Confira mais sobre esse assunto no artigo escrito pela professora Ma. Marília Alves dos Santos docente no curso de Psicologia da FAEF de Garça.

21/11/2020 às 11h25
Por: Francisco Alves Neto Fonte: Da redação
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Profa. Ma. Marília Alves dos Santos, possui graduação em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP/Bauru) e mestrado em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem pela mesma instituição. Atualmente é discente de Ped
Profa. Ma. Marília Alves dos Santos, possui graduação em Psicologia pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP/Bauru) e mestrado em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem pela mesma instituição. Atualmente é discente de Ped

É evidente que comportamentos de oposição, enfrentamento e/ou desobediência das crianças em grande frequência e/ou intensidade geram profundo sofrimento para professores, familiares e inclusive para a própria criança

Um dos livros mais famosos internacionalmente no âmbito da Psicologia é o chamado “DSM-5”: Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais – 5ª Edição. Nele são descritos e caracterizados uma infinidade de transtornos psicológicos dentre os quais se encontra o “TOD – Transtorno de Oposição Desafiante”, rótulo bastante presente no ambiente escolar conferido (muitas vezes sem nenhuma avaliação psicológica!)  às crianças com algum comportamento de desobediência, oposição, negação dos pedidos e/ou qualquer comportamento que foge do culturalmente estabelecido como “normal”. É evidente que comportamentos de oposição, enfrentamento e/ou desobediência das crianças em grande frequência e/ou intensidade geram profundo sofrimento para professores, familiares e inclusive para a própria criança, mas nestas breves palavras convido você, leitor e leitora, a uma rápida reflexão sobre tal “problema” que tanto aflige nossas escolas atuais.  

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Quem de nós, adultos e adultas, nunca se sentiu irritado e transpareceu a irritabilidade para outrem? Quem de nós nunca respondeu de modo atravessado uma pessoa querida? Quem de nós nunca faltou com o respeito com nossos interlocutores em um momento de estresse? Não estamos justificando ou normalizando tais comportamentos, pelo contrário, estamos tão somente apontando: se para nós é difícil (e ouso até mesmo dizer quase impossível!) mantermos a cordialidade, calma e absoluta concordância em tempo integral com aqueles com quem convivemos, quão mais difícil não é para nossas crianças que estão inseridas em um espaço escolar que, na maioria das vezes, se mostra precário, sucateado, limitado e limitador? 

Nenhum comportamento humano possui causa estritamente biológica. Todo comportamento humano, do mais simples ao mais complexo, é resultado de um conjunto de fatores de ordem biológica, cultural e social. Sendo assim, para compreendermos o chamado TOD é necessário que não percamos de vista que a sua origem não se encontra estritamente em características biológicas (neurológicas e fisiológicas) das crianças, outrossim, é um produto sobretudo do contexto sociocultural em que a mesma se encontra. 

Seguindo esta lógica, nenhuma tentativa de cessar tais comportamentos deve se limitar ao uso de fortes medicações que agem fisiologicamente e dopam nossas crianças, lhe tirando a vivacidade e o prazer na convivência social. 

Se defendemos que a medicalização das crianças não é a solução, defendemos ainda mais convictamente que comportamentos de oposição, desrespeito, desobediência e muitos outros diminuirão à medida que houver uma radical mudança em nossa educação, a começar: com a verdadeira valorização social e econômica de nossos professores; com a diminuição da quantidade de alunos por turma; com uma formação docente inicial e continuada de qualidade; com um trabalho interdisciplinar e coletivo no contexto escolar; com um investimento público em educação que garanta condições físicas, estruturais e sociais adequadas aos alunos e professores se expressarem com liberdade; com bibliotecas, laboratórios didáticos e condições dignas para o desenvolvimento de um trabalho educativo e humanizado. Não esgotamos aqui essa temática, mas encerramos com a defesa de que o TOD não reflete sintomas individuas de nossas crianças, mas sintomas sociais da nossa educação. 

 

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