Segunda, 03 de Novembro de 2025
18°C 29°C
Garça, SP
Publicidade

Estudante de 15 anos pode perder o olho após ‘brincadeira’ em sala de aula no interior

Família cobra providências após estudante ser ferido no olho por estilhaços de vidro em escola estadual; caso aconteceu durante o horário de aula e aluno passou por duas cirurgias.

Por: Redação Fonte: Folha da Região
03/11/2025 às 13h44 Atualizada em 03/11/2025 às 13h49
Estudante de 15 anos pode perder o olho após ‘brincadeira’ em sala de aula no interior
Estudante de 15 anos pode perder o olho após ‘brincadeira’ em sala de aula no interior

Um adolescente de 15 anos, identificado pelas iniciais G.S.S.A., corre o risco de perder a visão do olho esquerdo após ser atingido por estilhaços de vidro dentro de uma sala de aula da Escola Estadual Hermínio Cantisani, no bairro Recanto dos Pássaros, em Birigui. O incidente ocorreu durante o período de aula, com a presença de uma professora, e gerou forte comoção entre familiares e colegas.

A Folha da Região recebeu a informação de forma anônima por meio do canal de WhatsApp da Redação e, posteriormente, confirmou as informações com a família da vítima. Em entrevista exclusiva, a avó do adolescente, uma servidora pública de 54 anos, relatou a dor e a indignação após o neto ser ferido em um ambiente que deveria, segundo ela, representar aprendizado e segurança.

“Meu neto foi para a escola para estudar, não para sair de lá quase cego. A gente confia nossos filhos e netos a uma instituição que deveria cuidar deles. Agora ele está em casa, sem poder trabalhar, estudar ou viver normalmente. Quero que a escola tome providências sérias”, desabafou.

Segundo o relato de G.S.S.A., tudo começou quando um grupo de alunos manuseava um frasco de perfume na sala. Após brincadeiras e provocações, um dos estudantes teria arremessado o frasco em direção aos colegas. Ao atingir o chão, o vidro se quebrou e estilhaços perfuraram o olho esquerdo do adolescente.

Mesmo ferido, o jovem pediu ajuda à professora, que tentou acalmá-lo. Ele foi encaminhado à diretoria da escola enquanto a família era acionada. Durante o tempo de espera, o aluno que lançou o frasco ainda teria passado pela porta e ameaçado o adolescente, dizendo: “Se acontecer alguma coisa comigo aqui, você tá ferrado”, relatou a vítima à reportagem.

Ao chegar à escola, a avó levou o neto imediatamente ao Pronto-Socorro Municipal de Birigui. Devido à gravidade da lesão, ele foi transferido no mesmo dia para o Hospital de Base de São José do Rio Preto, referência em atendimentos oftalmológicos.

No hospital, G.S.S.A. passou por duas cirurgias emergenciais nos dias 9 e 10 de outubro. Após breve melhora, recebeu alta no dia 11, mas segue em tratamento intensivo e deverá retornar à unidade em 14 de novembro, quando será submetido à terceira cirurgia.

A mãe do adolescente, uma operadora de caixa de 33 anos, relata dias de angústia e revolta. “Meu filho está sofrendo, sente dores constantes e tem medo de perder o olho. Ele era um menino alegre, estudioso, cheio de planos. Agora está trancado em casa, com a autoestima abalada e o futuro incerto. Eu quero justiça. Isso não pode ser tratado como uma simples brincadeira.”

Além do trauma físico, o caso deixou marcas emocionais profundas. O adolescente, que trabalhava como menor aprendiz, teve de se afastar das atividades e segue sem previsão de retorno à escola.

Resposta da Secretaria

Procurada pela Folha da Região, a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo informou, por meio de nota, que:
“Durante o manuseio de um frasco de perfume, estilhaços de vidro atingiram o aluno, que foi socorrido pela equipe escolar e encaminhado ao pronto-socorro pelos responsáveis. O estudante passa bem e permanece em licença médica até sua recuperação.”

A pasta acrescentou que um boletim de ocorrência foi registrado e que os responsáveis pelos alunos envolvidos foram chamados para ciência dos fatos e aplicação das medidas disciplinares cabíveis. O caso foi incluído no Programa Conviva, com acompanhamento psicológico oferecido por profissionais do projeto Psicólogos nas Escolas.

“Para evitar novos casos, a equipe regional do Conviva e o Grêmio Estudantil estão realizando ações contínuas de conscientização”, finaliza a nota.

Enquanto o caso é apurado, a família de G.S.S.A. aguarda respostas mais firmes e punições exemplares. “Meu neto pode carregar uma sequela para o resto da vida. Não queremos vingança, queremos responsabilidade. Nenhuma mãe ou avó deveria ver um menino sair de casa com um caderno e voltar ferido por causa de uma brincadeira cruel”, concluiu a avó, emocionada.

* O conteúdo de cada comentário é de responsabilidade de quem realizá-lo. Nos reservamos ao direito de reprovar ou eliminar comentários em desacordo com o propósito do site ou que contenham palavras ofensivas.