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Sem salário, médica se recusa a atender pacientes em cidade da região

População ficou sem atendimento durante a noite; OS Mahatma Gandhi é alvo de investigações e acumula atrasos nos pagamentos

Por: Redação Fonte: JCNet
29/08/2025 às 08h47
Sem salário, médica se recusa a atender pacientes em cidade da região
Foto: Junior Rodrigues

Uma médica de plantão no período noturno da UBS Mary Dota, em Bauru, se recusou a atender pacientes usando como justificativa o atraso do salário. O caso acontece na noite desta quinta-feira (28). Conforme o JC noticiou no início da semana, profissionais da saúde ameaçaram suspender os atendimentos caso não fossem pagos até essa sexta-feira (29). Eles têm salários pendentes com a Organização Social (OS) Mahatma Gandhi. O vereador Júnior Rodrigues está no local e acompanha o caso.

Após a publicação desta matéria, a Prefeitura de Bauru emitiu uma nota de posicionamento. No texto, o Executivo municipal esclarece ter recebido um ofício da Justiça determinando que o contrato com a OS não poderia ser interrompido. A nota também lamenta a atitude da médica e afirma que aguarda autorização judicial para fazer os pagamentos diretamente aos profissionais (veja detalhes abaixo).

De acordo com o Júnior Rodrigues, a equipe de enfermagem trabalha normalmente, mas a plantonista decidiu suspender os atendimentos após receber 15 pacientes. Outras pessoas que aguardavam na fila só foram informadas de que não seriam atendidas após 2 horas de espera. Alguns já desistiram e deixaram o local.

“A gente entende a situação. Todo mundo que trabalha tem direito ao pagamento, mas fazer isso penaliza o usuário. É uma punição à população que não é justa”, afirma Júnior Rodrigues.

A denúncia chegou ao vereador por conta de uma mãe que buscava atendimento para sua filha. A menina necessita de medicamento especial e precisa de uma receita, mas a médica se recusou a atendê-la.

A mãe também relatou que está tentando levar sua filha ao consultório há 3 dias, mas sem sucesso. Como trabalha no horário comercial, ela só pode acompanhar a jovem no período noturno.

O caso é mais um episódio envolvendo a OS Mahatma Gandhi. Os médicos e dentistas contratados pela organização deveriam ter recebido o pagamento no dia 10 deste mês, mas não receberam. Alguns profissionais já rescindiram o contrato por conta dos atrasos.

A organização é alvo de uma operação do Ministério Público que investiga um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro. Na segunda-feira (25), o JCNET procurou a FVS Administração e Gestão Judicial, nomeada como interventora judicial na OS, para se pronunciar sobre o atraso, mas não recebeu resposta até o momento.

“Se a empresa for agir assim e tratar a cidade de Bauru como um lixo, então temos que romper com essa empresa e passar para uma outra empresa o serviço”, destaca o vereador.

Confira a nota da Prefeitura de Bauru na íntegra:

A Prefeitura de Bauru informa que recebeu um ofício da Justiça determinando que não seja interrompido o contrato com a Organização Social (OS) Mahatma Gandhi pelos próximos 30 dias, a fim de garantir a continuidade dos atendimentos à população.

Na última segunda-feira (25), um dos interventores da OS procurou a prefeitura informando que as contas da entidade estavam bloqueadas e que enviaria um ofício ao município para discutir a possibilidade de pagamentos diretos aos médicos. Até o momento, a prefeitura aguarda essa formalização.

A prefeitura lamenta que uma médica da organização tenha negado atendimento aos usuários e reforça que esta não é a postura esperada em um momento que exige responsabilidade e compromisso com a população. O município reafirma que, havendo autorização judicial, a prefeitura fará os pagamentos diretamente aos profissionais para evitar qualquer interrupção no atendimento.

Durante esse período determinado pela Justiça, a administração municipal aguarda a formalização, por parte dos interventores, da real situação da entidade, para que sejam tomadas as medidas jurídicas cabíveis.

Em Bauru, a OS Mahatma Gandhi é responsável pela gestão das equipes médicas e de enfermagem em quatro Unidades Básicas de Saúde (UBSs) com horário estendido. Importante esclarecer que a OS não atua nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).

Sobre os pagamentos aos profissionais, a prefeitura reforça que os vínculos empregatícios são de responsabilidade direta da Organização Social. O governo municipal acompanha a situação junto aos interventores e mantém diálogo constante para garantir que os serviços não sejam interrompidos.

O governo municipal também esclarece que, em caso de paralisação por parte dos funcionários da OS, não haverá impacto no atendimento no horário convencional das unidades de saúde, uma vez que a atuação da organização ocorre apenas no período das 19h às 23h de segunda a sexta-feira, ou seja, no horário estendido após a troca de turno, e aos sábados das 8h às 18h.

Caso seja confirmada a inviabilidade da continuidade da empresa, a prefeitura adotará as providências legais necessárias para eventual rescisão contratual, seguindo os trâmites previstos em lei.

A prefeitura reforça que o governo municipal está colaborando integralmente com o Ministério Público, fornecendo todas as informações necessárias e garantindo total transparência sobre o caso.

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