
Na sessão da Câmara Municipal de Garça desta segunda-feira (5), um tema sensível e urgente ganhou destaque: a acessibilidade para pessoas com deficiência (PCDs) em eventos públicos do município. O vereador Leandro Marino (Novo) apresentou um requerimento solicitando esclarecimentos complementares ao prefeito sobre as condições de acesso ao espaço reservado para PCDs durante festividades como a tradicional Festa da Cerejeira.
Segundo Leandro, embora tenha havido esforços da organização da festa para oferecer estrutura voltada à inclusão, como a criação de uma área reservada em frente ao palco e banheiros químicos adaptados, faltou o essencial: o acesso seguro e funcional a esses espaços.
“De acordo com as leis e normas, não basta reservar um espaço, é preciso garantir o acesso até ele. Se não há como chegar, o efeito é nulo”, declarou o vereador na tribuna.
Leandro relatou ainda um episódio pessoal que agravou a discussão. Sua irmã, que é pessoa com deficiência, publicou um story no Instagram chamando atenção para a falta de acessibilidade em brinquedos do parque de diversões da festa, especificamente a roda-gigante que tinha uma cadeira adaptada, mas sem acesso adequado. O vereador, ao repostar a publicação, afirmou ter agido em solidariedade familiar e cidadã. No entanto, a repercussão não foi positiva.
Segundo ele, sua irmã foi intimidada por uma funcionária pública com cargo de confiança, o que ele considerou inaceitável:
“Ela foi abordada de forma agressiva. Lamento muito isso. Minha família procurou a administração, foi bem recebida, mas não houve mais diálogo. A causa da inclusão não é só minha, deve ser de todos nós”, enfatizou.
Vale destacar que, de acordo com as falas em tribuna, o prefeito já havia sido informado sobre a situação tanto por meio de uma reunião presencial com o pai de Leandro, após o episódio da intimidação.
A vereadora Elaine Oliveira (PSD) também se manifestou em apoio a Leandro e criticou a abordagem da funcionária envolvida. Elaine reforçou que a pauta da acessibilidade precisa sair do papel e se transformar em prática real, com ações concretas nos eventos e espaços públicos da cidade.
“A mobilidade não pode ser lembrada só na hora de aprovar projetos na Câmara. É uma construção contínua. Precisamos garantir o acesso às barracas, aos expositores, aos brinquedos. Reservar um espaço não é suficiente, inclusão é garantir a logística de chegada a ele”, disse.
A vereadora também revelou que, nos últimos anos, recebeu diversos apontamentos da irmã do vereador e buscou, junto à Prefeitura, melhorias, como rampas e calçadas acessíveis — reivindicações que, segundo ela, ainda não foram atendidas.
Leandro concordou com a colega e reforçou que compreende o processo de amadurecimento da pauta, mas que há limites:
“Sabemos que é uma construção, mas o que aconteceu com minha irmã não cabe em tempo nenhum. É inadmissível”, concluiu.
A fala dos vereadores evidencia a necessidade de ações mais efetivas por parte do poder público para garantir a inclusão e o respeito às pessoas com deficiência, tanto na infraestrutura quanto nas atitudes institucionais.