O campeonato municipal de futebol suíço teve um grande desfalque na atual temporada: a ausência do time do Kosminho que decidiu não participar, optando por encerrar as atividades na modalidade. Portanto, o tradicional clube branco e verde, de tantas glórias “pendurou as chuteiras”, ou melhor, as camisas definitivamente.
O Kosminho foi fundado no dia 25 de maio de 1975, tendo participado de jogos amistosos e competições por exatos 48 anos de forma ininterrupta. Pode ser considerado o time de maior longevidade no esporte menor garcense, mais notadamente no futebol suíço.
Tudo começou nos jogos de “peladas” no Garça Tênis Clube. O nome foi em homenagem ao famoso time do New York Cosmos dos Estados Unidos, que existiu entre os anos de 1970 e 1983, onde jogaram Pelé e o alemão Beckenbauer, duas lendas do futebol mundial.
O uniforme do Kosminho ganhou as cores verde e branca por dois motivos: o primeiro por ser a cor do Garça Tênis Clube. E o segundo, em razão da grande maioria dos fundadores torcer para o Palmeiras, em especial o presidente Carlos Manchini.
Veja uma das primeiras formações do Kosminho: Em pé, da esquerda para direita: Hélder “Alemão”, Plínio Dias, Marcelo Val, Colombani e Carlos Manchini. Agachados: Zé Manchini, Erônides, Paulo Renato e Toninho Orujianm que sempre jogava descalço.
Ao longo dos anos o Kosminho ganhou muitos troféus, sendo considerado o “rei das peladas” nos anos de 1970. Foi 4 vezes campeão do certame municipal: 1979, 1987 e 1988 e 1995, na última vez que foi disputado nos campos de terras, atrás do Hospital São Lucas. Também ganhou 4 Copa Lions/Taça Cidade de Garça, em 1998, 2000, 2001 e 2011. O último grande título foi o “Torneio Preparatório” no ano de 2.023.
Recordamos o Kosminho, que posou para a posteridade, no dia 03 de abril de 1983. Em pé da esquerda para direita: Chico Ramalho, Kerges, João Colombani, Salvino, Marcelo da Costa Val, Kakaio Vollet, Carlos Manchini; Agachados: Mário Baraldi, João Trinca, Agenor, Corinho, Eronides e Gaúcho.
ALMA DO KOSMINHO:
Antonio Carlos Lorenzetti Vollet, o “Kakaio”, além de um excepcional esportista, pode ser apontado como “um homem chamado Kosminho”. Praticamente toda a sua vida esportista dedicada ao Kosminho, que calculamos em aproximadamente 30 anos, destes 10 como jogador, outros 20s como presidente. Um verdadeiro dirigente raiz, se entregava de corpo e alma, do tipo que “levava o fardamento nas costas”, corria atrás de patrocínio nas empresas, no comércio, para pagar as taxas de inscrição e comprar os uniformes. Era incansável, participava das reuniões na CCE/SEJEL, sempre procurando o melhor para não somente para o seu time, como também para o campeonato.
Tudo começou com a garotada do “Vexame” no Tênis Clube, onde jogava de zagueiro, um marcador incansável. Como a turma foi para outros times, o Kakaio escolheu o Kosminho para não sair mais. Era um time que dava gosto ver jogar. Dificilmente perdia um jogo no campinho de terra do GTC. Segundo o Kakaio “ali era um verdadeiro alçapão. Colocávamos os adversários na roda. O nosso reduto era popularmente chamado de ‘o caldeirão verde de lá Bombonera’, numa alusão ao estádio do Boca Júniors da Argentina. Ficamos um bom tempo sem perder. Ganhamos o apelido de ‘os velhinhos garcenses’, com inteira justiça”.
Assim que o Kakaio assumiu a presidência do time, após a saída do Sr. Carlos Manchini, decidiu que era hora de participar do campeonato municipal. O Kosminho deu uma “repaginada”, se reforçou contratando mais jogadores, e seguiu fazendo bonito. O auge do time foi em 1987/88 quando ganhou o bi-campeão municipal, ainda nos campos de terra.
Durante todo este tempo, o Kakaio viu muitos bons jogadores envergando a camisa do Kosminho, dentro e fora dos gramados. Alguns guarda na memória: irmãos Carlos e Zéca Manchini, assim como Edgar do Café e Paulo Renato, Mário Baraldi, Piazentim, Helder “Alemão”, Iraldo Lorenzeti, Toninho Orujian, Marcelo Val, Plínio Cabrini, Colombani, Plínio Dias, Agenor, Erônides.
Depois chegaram o Roberto Bertuço e Rubinho de Duartina. Assim como o Corinho, Chico Ramalho e Toninho Marques, que formaram o melhor meio de campo do time verde e branco. “Eles tinham futebol para jogar no time do meu coração, o Santos FC, ao lado de Pelé, meu ídolo do esporte”, fala orgulhoso.
De outro lado, o Kakaio também teve a colaboração de muitos dirigentes, sempre prontos a ajudar. Mais um em especial, que faz questão de registrar, o corintiano Luiz Carlos de Oliveira Quine (foto), um grande amigo que fez no futebol, fiel pelo Kosminho. Infelizmente o Luiz Quine, por problemas de saúde, teve que deixar o time. Outro grande apoio que teve foi da esposa Maria Helena, que sempre o incentivava nas boas e má fases do time.
O Kakaio tentou arrumar outras pessoas para dar continuidade, sem sucessos. Hoje em dia “tocar futebol”, mesmo sendo amador, está bem difícil. Não restou alternativa senão parar de vez. Quem sabe volte algum dia?
Se o Kosminho sempre fez bonito e marcou uma época, chegou o momento do Kakaio também “pendurar as chuteiras”. Porém, devemos enaltecer e agradecer
pelo brilhante trabalho realizado como jogador/dirigente, deixando seu nome registrado (e muito bem) no Kosminho e na história do futebol garcense.
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