O corpo de Claudia Regina Rocha Lobo, secretária-executiva da Apae que desapareceu em 6 de agosto, foi queimado por pelo menos quatro dias, entre terça-feira e sábado (10), na zona rural de Bauru. E o mesmo local foi utilizado por Roberto Francheschetti Filho e o funcionário afastado da Apae, Dilomar Batista, para queimar documentos da entidade. As informações foram reveladas pela Polícia Civil de Bauru em coletiva de imprensa realizada na manhã desta segunda-feira (26), na sede da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic).
Segundo o delegado Cledson do Nascimento, que preside o caso, Roberto chegou a admitir informalmente que matou Claudia e que o motivo, segundo a Polícia, foi disputa por poder e desvio de verba dentro da Apae.
O depoimento do funcionário Dilomar Batista, suspeito de envolvimento no caso, foi crucial para as investigações. A prisão dele ainda não foi decretada pela Justiça.
Dilomar disse à polícia ter sido acionado por Roberto para auxiliá-lo a esconder o corpo e afirmou que foi ameaçado pelo presidente da entidade.
A polícia também informou que apreendeu R$ 10 mil em espécie na casa da filha de Claudia Lobo e as investigações revelaram também que a secretária que desapareceu, e que segundo a polícia foi morta, pedia "adiantamentos" a Franceschetti e que em certa ocasião chegou a solicitar R$ 40 mil.
A Polícia Civil vê indícios de fraude contábil na entidade, já que esses valores eram registrados no livro-caixa como "adiantamentos a fornecedores". Segundo as investigações, essas liberações só eram efetuadas mediante autorização de Roberto.
DIFICULTAR
Antes de admitir informalmente o crime, Roberto Francheschetti Filho tentou atrapalhar as investigações. Ele alegou que Claudia pedia adiantamentos porque um suposto parente devia a traficantes no Mary Dota e que os valores eram registrados como "adiantamentos". Essa informação, inclusive, foi o que motivou a entrada da Setor Especializado de Combate aos Crimes de Corrupção, Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro (Seccold) no caso.
DESVIO
A Polícia Civil, no entanto, ainda não dispõe de um valor estimado do desvio. O montante será apurado no decorrer das apurações, que se aprofundará ainda no mecanismo de fraude adotado. Cerca de 70% do dinheiro que a verba recebe é de origem governamental, prioritariamente federal. E esse recurso, segundo a polícia, era usado corretamente porque é auditável. Porém, os desvios chamados de "adiantamentos" por Roberto Francheschetti Filho, 30%, eram provenientes de doações de empresas privadas, festas, sorteios, show de prêmios e da Feira da Bondade.
Sobre este aspecto financeiro, ainda resta um longo caminho a ser percorrido, informaram aos delegados. Já no que diz respeito à morte da secretária-executiva, estão muito próximos de encerrar o caso em menos de 20 dias do desaparecimento de Claudia, destacaram.
Inclusive, o delegado titular da 1.ª Delegacia de Investigações Gerais (1.ª DIG) da Deic de Bauru, Cledson Luiz do Nascimento, não tem dúvidas da premeditação do delito por parte de Francheschetti.