Policiais civis do Setor de Investigações Gerais (SIG) da Delegacia do Município desativaram, nesta semana, uma pequena fábrica clandestina de carretéis de linha chilena que operava em uma casa no Jardim Europa. O responsável pelo local, um homem de 30 anos, foi detido e levado para prestar depoimento sobre o crime, enquadrado no artigo 132 do Código Penal (Perigo para a vida ou saúde de outrem).
A operação, coordenada pelo delegado Adriano Marreiro, foi denominada “Operação Risco Iminente” e teve como objetivo investigar a distribuição e venda desse material extremamente perigoso, quatro vezes mais cortante que o cerol comum, que representa uma ameaça grave à população, especialmente aos motociclistas. Em todo o país, há inúmeros casos de ferimentos graves e até mortes provocadas pela linha chilena.
A desativação da fábrica ocorreu após uma denúncia anônima, que informou sobre a existência de um comércio clandestino em um imóvel na rua Dinamarca, no Jardim Europa. Munidos de um mandado de busca expedido pela Justiça, os investigadores do SIG foram até o local na tarde de segunda-feira, onde foram recebidos pelo proprietário da residência.
Durante a vistoria, os agentes descobriram que, além de distribuir o material, o espaço também funcionava como ponto de fabricação. Em um dos cômodos na área externa da casa, foi encontrada uma máquina rebobinadora e grande quantidade de matéria-prima para a confecção de carretéis de diversos tamanhos.
Na delegacia, o proprietário admitiu a compra e revenda das linhas. Ele revelou que adquiria os carretéis por preços que variavam entre R$ 200 e R$ 300. Com o uso da rebobinadora apreendida, ele produzia carretéis menores, que eram distribuídos em estabelecimentos de Garça e cidades vizinhas.
O acusado admitiu estar ciente da proibição da comercialização desse tipo de linha e dos perigos que seu uso representa. Ao todo, foram apreendidos 140 carretéis pequenos e cerca de 30 bobinas grandes, totalizando milhares de metros de linha chilena. Após prestar esclarecimentos, o proprietário foi liberado e responderá ao delito em liberdade.
Perigo no Ar
Muito utilizada durante a prática de soltar pipas, a linha chilena é uma espécie de linha com cerol, mas com um poder cortante quatro vezes maior que o cerol tradicional. O cerol comum é fabricado à base de cola derretida e vidro triturado, que, após ser misturado, é passado na linha usada para empinar pipas.
A linha chilena, por sua vez, possui adição de pó de quartzo e óxido de alumínio em sua composição, o que a torna extremamente perigosa, tanto para os praticantes da brincadeira quanto para quem estiver transitando nas proximidades.
O delegado Adriano Marreiro alertou para os perigos dobrados que a linha chilena representa por ser ainda mais cortante que o cerol comum. “O uso tanto do cerol quanto da linha chilena é considerado crime, pois oferece riscos tanto para quem utiliza quanto para terceiros. Ao soltar pipa com linha cortante, a pessoa assume o risco de causar uma lesão corporal em alguém, caracterizando crime. Quem vende linha com cerol também se expõe ao perigo, o que igualmente configura crime. Portanto, quem utiliza ou comercializa essas linhas assume o risco de provocar uma lesão corporal ou até mesmo uma morte,” enfatizou Marreiro.
O delegado reforçou que a Polícia Civil continuará atuando de forma rigorosa para coibir essa prática, contribuindo para a segurança da comunidade em geral, especialmente dos motociclistas, que são as principais vítimas desse material perigoso.
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