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Kir, um zagueiro em potencial

Nesta coluna, Tico Cassola fala sobre um dos jogadores mais talentosos que já jogou: o Carlos Alberto Favinha Anselmo, o Kir

Por: Francisco Alves Neto Fonte: da redação
09/12/2023 às 19h01
Kir, um zagueiro em potencial
Kir e o filho Sérgio

Nos meus mais de vinte e cinco anos correndo atrás da bola no amadorismo garcense, tive a oportunidade de jogar e também enfrentar muitos jogadores bons de bola. Se fosse nominar, daria uma extensa lista. Mas três para mim eram diferenciados. Tinham tudo para virar atletas profissionais: Aguinaldo, Kir e Toninho Marques. Aí você vai me perguntar: por que não seguiram na carreira? Respondo: “Coisas del futebol”. Como diria o folclórico técnico argentino Filpo Nunes. Não era o destino deles. 
O Aguinaldo, filho do Altamiro Gomes (ex-cracão do Garça FC), faleceu no ano 2000 em Valinhos. O Kir virou um grande arquiteto. Já o Toninho Marques engenheiro agrônomo. Na minha visão, foi o futebol que perdeu três grandes jogadores. Dias atrás batemos um longo papo com o Carlos Alberto Favinha Anselmo, o Kir, que jogava de quarto zagueiro, as vezes conforme o jogo, de médio volante. As duas funções desempenhava com maestria. 
Quanto ao apelido “Kir”, vem desde a infância, ligado ao futebol. Tudo porque o seu amigo Cocão Manchini sempre passava em sua casa, para juntos irem jogar bola. Lá de fora o chamava. No imóvel não havia campainha. Porém, ele tinha dificuldades em pronunciar o nome “Carlos Alberto”. Não restou alternativa, senão resumir para “Kir”. Ficou para sempre.
Recordamos muitas passagens vivenciadas no futebol. Até porque jogamos juntos no Clube Atlético Ipiranga, por mais de 10 anos, entre os anos de 1983 à 1993. Aliás, o Ipiranga foi o único time que o Kir defendeu no campeonato amador. Logo em sua estreia, no ano de 1983, ganhou o troféu de jogador revelação.
Neste período, ainda foi campeão da “Taça Cidade de Garça/Copa Lions”, nos anos de 1984 e 1989. E campeão do amador em 1993, numa final dramática contra a Fazenda Santa Esméria. No tempo normal e prorrogação, empate em 0 x 0, debaixo de muita chuva. 
Na disputa de pênaltis, vitória ipiranguista. Naquela tarde de domingo, num “Platzeck” lotado, o Kir jogou muita bola. Praticamente garantiu o empate sem gols. Mesmo sendo campeão, decidiu encerrar a carreira e “pendurou as chuteiras”.
Veja uma das formações do Ipiranga. Em pé, da esquerda para direita: Dinho Crudi, Dinho Scartezini, Fernando Tedesco, Kir, Iá Sartori e Zé Precipito. Agachados: Zé Mineiro, Tico, Ike Galvão, Nequinha e Gê.
Com uma ponta de saudades lembra desta época, quando o futebol amador tinha um nível forte, com times muitos bons. Lembra que enfrentou ótimos jogadores: “Se na seleção brasileira teve os quatros “R”, aqui tinha os quatros “D”: Dinho Parreira, Dinho Scartezini, Didi Turato e Dorival, todos difíceis de marcar. Sem falar no meio campista Tiana, e um ponta direita que veio da fazenda, o Luizinho. Esse era muito rápido e driblador, jogava bola com alegria”. 
Depois do amador, ainda jogou no futebol suíço, época do terrão, envergando as camisas do Kosminho e Juventude, dos amigos Totó e Jorge Vollet. Em sua mocidade, o Kir foi um atleta polivalente. Foi destaque no vôlei, futebol de salão, natação, pedestrianismo, fez trilha/enduro de motocicletas, por mais de 25 anos.
Outro lugar onde também fez bonito foi no Garça Tênis Clube. O Kir gostava de jogar nas tradicionais “peladas”, organizadas pelo Sr. Carlos Manchini. Com isto participou das olimpíadas dos sócios do Tênis clube, defendendo o grupo Kukunká, em várias modalidades. 
Atualmente o Kir não vê o futebol com aquela mesma paixão de antigamente. Até porque percebe que a arte do futebol, que tanto nos orgulhava e dava alegrias, deixou de existir. Acabou a magia do futebol brasileiro, que deixou de lado sua identidade para copiar o futebol europeu. Se deu mal.
Em se falando de torcedor, tem uma leve queda para o Palmeiras, tudo por causa do pai, Mário José, descendente de italiano. Um time que lhe traz grandes recordações é a Seleção Brasileira de 1982, que “jogava por música”. 
Em se falando do esporte brasileiro, o Kir não teve um único ídolo, mas sim várias referências. No futebol: Pelé, um jogador completo, Garrincha, pela sua ingenuidade e genialidade, Sócrates, elegância e inteligência em campo, Zico, visão de jogo e técnica. No vôlei, destaca Bernardinho, William e Ana Mozer. No basquete, a Magic Paula.
RECANTO DA QUERÊNCIA  
Atualmente um tanto afastado do futebol, o Kir vive no bonito e agradável Recanto da Querência, ao lado da esposa Andressa, e os filhos Sérgio e Lia. O aprazível recanto está localizado na entrada da cidade, no Jardim Gisele em frente a Fatec. Segundo o Kir, o filho Sérgio (foto), é canhoto, leva jeito para jogar bola, tem domínio e chuta bem. Vem sendo preparado pelo Ditinho, treinador de goleiros. 
Com bastante tranquilidade, vive o dia a dia em meio a natureza, ar puro, canto dos pássaros e muito verde. No local tem um espaço destinado ao lazer e educação ambiental sobre sustentabilidade no campo. O projeto, no início, focava primeiramente as crianças, onde elas aprendem como é a geração de energia solar, eólia, reuso de água, destinação dos dejetos dos animais e muitos mais. 
Como começou a chamar a atenção também dos adultos, os planos foram aumentando, sempre com o objetivo de agradar todas as faixas de idade. A mini fazenda terá celeiro, tulha, animais pequenos, trator, lago com peixe, plantação de café, capela e até uma coleção de carros antigos e militares. Chalés serão construídos para os visitantes dormirem e acordarem em meio a natureza pura.  
Um bonito e agradável espaço será construído para palestras e confraternização de aniversários, casamentos, etc. O projeto “Recinto do Café” está sendo montado, e terá sucos naturais, refrigerantes, cervejas, quitutes diversos, tudo dentro do clima de uma fazenda, no melhor estilo caipira, recordando os tempos da roça.                                  

WANDERLEY “TICO” CASSOLLA

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