A Polícia Civil concluiu o inquérito policial sobre a morte da estudante de medicina Catarina Torres Mercadante Leite do Canto, de 22 anos, em acidente de trânsito na rodovia Rachid Rayes (SP-333), em Echaporã. Foi feito o pedido de prisão preventiva do representante comercial Luís Paulo Machado de Almeida, de 20 anos, considerando que ele teria assumido o risco de matar por sua conduta no trânsito.
De acordo com o inquérito assinado pelo delegado Luís Marcelo Perpétuo Sampaio, titular da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), mas que também responde pela Delegacia de Echaporã, a conduta do motorista da caminhonete S10 seria típica de homicídio culposo na direção de veículo automotor, porém após análise do conjunto probatório, indiciou Almeida por homicídio com dolo eventual.
“Testemunhas ouvidas e que presenciaram o acidente revelaram que o autor trafegava com sua caminhonete S10, em pista única de rolamento, no sentido Marília-Echaporã, atrás de um fila de carros, cujos veículos vinham em velocidade reduzida, cujo trecho sinalizado por indicativa faixa contínua vedava a ultrapassagem no local”, afirma o delegado na conclusão do inquérito policial.
Sampaio concluiu que em dado momento, Almeida empreendeu velocidade, passando de forma arriscada por outros veículos, culminando com a colisão frontal com o veículo da vítima, que vinha em sentido contrário, levando a condutora à morte, no próprio local do acidente de trânsito.
“O motorista estava lúcido e acordado, pois freou antes do embate contra o veículo Polo. Um dos veículos, com câmera de filmagem, captou parte das ultrapassagens perpetrada por Luís Paulo Machado de Almeida, que extrapolou os limites da imprudência. Fez ultrapassagem em local proibido, no início da noite, cuja visibilidade era limitada, agravada pelo aclive da pista, impedindo que visualizasse naquele trecho outro automóvel”, diz o delegado.
Luís Marcelo Perpétuo Sampaio também destacou que a velocidade excessiva impediu que o acidente fosse evitado. Ele entendeu que o representante comercial assumiu o risco de produzir o resultado, pois era perfeitamente previsível que outro veículo viesse em sentido contrário, onde havia uma fila de carros que dificultava a manobra de ultrapassagem.
“O autor não se importou com o resultado. Desejava tão somente abreviar a viagem com ultrapassagens arriscadas para que chegasse ao seu destino final, que seria a cidade de Londrina-PR”, afirma Sampaio.
Para o delegado, o autor estava acordado no momento do acidente de trânsito, pois antes da colisão, tentou frear a caminhonete que conduzia, ao contrário do que Almeida disse durante o registro do boletim de ocorrência, quando afirmou ter cochilado enquanto dirigia, motivando a batida frontal.
A autoridade policial teve convicção que Luís Paulo Machado de Almeida assumiu o risco de matar, quando fez ultrapassagens de vários veículos em local proibido, pedindo a decretação da sua prisão preventiva, por materialidade e indícios suficientes da autoria, para a garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal e garantia de aplicação da lei penal.
CASO
O acidente foi registrado no dia 29 de janeiro deste ano, por volta das 19h30, no quilômetro 365 da rodovia. A Polícia Militar Rodoviária (PMR) foi acionada e localizou dois veículos – um Chevrolet S10 e um Volkswagen Polo – que tinham colidido de frente.
Equipes de resgate e da concessionária que administra a via já estavam no local. Catarina conduzia o Polo e o óbito foi constatado pela médica socorrista.
O corpo da jovem ficou preso nas ferragens e foi necessário que o Corpo de Bombeiros fizesse a retirada. O condutor da S10, de 20 anos, estava consciente e recebeu os primeiros socorros da concessionária.
Segundo a polícia, indagado, o condutor informou que conduzia a S10 no sentido Marília a Assis e que estava cansado, pois dirigia desde a cidade de Guará sem paradas, com destino a Londrina/PR. O jovem ainda teria afirmado aos policiais que cochilou e bateu de frente com o Polo.
No entanto, de acordo com a polícia, uma testemunha contou que conduzia o veículo no sentido Marília a Echaporã e que a S10 transitava em alta velocidade, fazendo ultrapassagens proibidas. A mesma testemunha, ao ver o acidente, parou e acionou o socorro. Imagens registradas por uma testemunha mostram o veículo conduzido por Almeida em alta velocidade pela pista.
Na S10 havia um passageiro de 27 anos que não ficou ferido. O motorista da caminhonete passou pelo teste de bafômetro que não apontou consumo de álcool. Os dois ocupantes da S10 foram encaminhados até o Hospital das Clínicas (HC) de Marília.